Texto 1
CARTA ABERTA AO MEDO DE AMAR
Everton Behenck
Sempre
há a chance de que tudo seja um erro. Mas o erro faz parte da matéria
de que é feita a vida, e é neles que mais aprendemos. Tudo pode ser uma
loucura mesmo. O coração tem olhos frágeis. E inventa o horizonte para
onde os aponta. Às vezes se engana. É cego e analfabeto. E as vezes nem
era o coração que estava soprando coisas no ouvido. Nos sentidos.
Acontece eu sei. Já vi.
Do
amor, seus filhos e parentes eu sei tudo o que é possível. E isso é
entender que pouco sabemos. O amor é um mistério tão grande quanto o
universo. Mas o amor é meu ofício desde que me entendo homem. O amor é
meu lugar no mundo. Já fui amado mais do que qualquer um nessa terra.
Com devoção honesta. Com dor e sacrifício. Com loucura e vício. Com
prazer de perder o céu e o chão. De encontrar deus. Marquei a ferro
muitas vidas. E fui marcado na mesma medida. Com dor e trauma e
destruição. Com felicidade de despertar a inveja do paraíso.
O
amor é tudo isso. E multiplica seu sentido assim que o descobrimos. Já
amei mais do que poderia supor qualquer possibilidade, sanidade ou
autopreservação.
Eu
não me preservo. Eu já morri de amor. Eu sou louco e queimo até que não
sobre nada além das cinzas. E dessas cinzas eu tiro força e energia o
bastante para sair do que sobrou da fogueira com um diamante no peito.
Eu não tenho medo. E teria todos os motivos para tê-lo. Ainda caminho
sobre a terra arrasada. Mas tenho certeza que serei sempre mais forte
quando deixá-la. Eu já perdi tudo. Fiquei sem nada no mundo. Sem nenhum
pertence.
Por amor.
Se
alguém tem motivos para correr na direção contrária, sou eu. Mas eu não
corro. Por amor eu faço tudo. Poderia ser o primeiro a ficar torcendo
por uma chance de voltar atrás. De correr para um lugar seguro. De
voltar para a zona de conforto.
Mas onde é a zona de conforto quando se está amando?
O
amor só é conforto depois que ele próprio olha para você e percebe o
quanto está entregue e vulnerável. O quanto é incapaz de se defender. O
quanto não quer se proteger enquanto atravessa as dúvidas e a angústia.
Para descobrir o que há do outro lado. O amor é sempre um lugar onde a
gente nunca esteve. O amor inventa dentes assustadores e sorri com eles.
Só para ver se temos coragem de entrar em sua boca. E só então beber
seu beijo.
O
amor não é para os fracos. O amor não é para quem morre de medo. Para
quem precisa estar no comando. O amor é a própria ordem. Por isso até
os planos são supérfluos nesse momento. O amor muda o sentido da
bússola. O amor se apossa da casa. Troca a fechadura.
Eu
entendo quem foge. Eu entendo que o amor fique mais raro e assustador
na medida em que avançamos nesse século de apaixonados pelo espelho.
Entendo que menos pessoas o reconheçam. Ou que simplesmente não se
importem. E que não achem valer a pena assumir os riscos. Pagar o preço.
Provavelmente não vale. Eu entendo quem se preserva. Quem se protege.
Quem escolhe o lugar seguro.
Eu
entendo. E quem sou eu para dizer que estão errados? Não sou exemplo se
não de que amor não mata. Na maior parte das vezes. Só tenho a meu
favor o que dizem meus olhos.
Mas quem se arriscaria para vê-los de perto?
Eu entendo quem vira as costas. Quem dá de ombros.
O
amor é o quarto e é a rua. Ao mesmo tempo. E é claro que tudo fica mais
fácil sem o amor. O amor é um saco e só atrapalha o que estava certo e
calmo. O amor é um cão dos diabos, já dizia o velho poeta bêbado com um
pássaro azul no peito. O amor pode não dar certo. Mas só ele pode nos dar tudo.
1) Dentre as idéias abaixo, assinale a que não é defendida pelo autor do texto.
a) De acordo com o autor, por mais que saibamos tudo sobre o amor, esse tudo é pouco, diante da imensidão desse sentimento.
b) O amor é capaz de causar, tanto dor e sofrimento extremos, quanto a extrema felicidade.
c) É natural temer o amor, pois por causa dele, podemos perder tudo.
d) Segundo o autor, estamos vivenciando um tempo onde a individualidade e o amor próprio perderam espaço para o amor pelo outro.
e) Só o amor pode nos dar tudo.
2) Observe a frase: “Sempre há a chance de que tudo seja um erro.” (1º parágrafo). Ao que o autor se refere?
3) Explique a frase: “O coração tem olhos frágeis. E inventa o horizonte para onde os aponta.” (1º parágrafo).
4) Com o que o autor compara o amor, no 3º parágrafo do texto? E no último?
5)
Na frase: “ Do amor, seus filhos e parentes, eu sei tudo o que é
possível.”(3º parágrafo). A que sentimentos você acredita que o autor
está se referindo?
6) “O amor é tudo isso.”(4º parágrafo). Isso o quê?
7) Releia
a frase: “Marquei a ferro muitas vidas. E fui marcado na mesma medida.”
Esta expressão é conotativa ou denotativa? Qual o sentido que ela
adquire no texto?
8) Quando o amor é conforto, segundo o texto?
9) “E é claro que tudo fica mais fácil sem o amor.” (15º parágrafo). Você concorda com essa afirmação? Justifique:
10) Que termo o autor utiliza para dizer que os planos, quando amamos, são desnecessários, inúteis?
11) A
personificação ou prosopopeia é uma figura de estilo que consiste em
atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações
próprias dos seres humanos. O que, no texto, é personificado? Comprove
com um trecho do texto.
Texto 2
Monte Castelo
Legião Urbana
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor!
É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
Composição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).
1) Leia o conceito a seguir sobre intertextualidade e responda às questões:
A
Linguística Textual, disciplina que aborda os estudos sobre o texto,
tem se dedicado bastante à análise de um de seus grandes temas: a
intertextualidade. A intertextualidade ocorre quando um texto está
inserido em outro texto, podendo acontecer de maneira implícita (sem
citação expressa da fonte) ou explícita (quando há citação da fonte do
intertexto). Muitos compositores e escritores brasileiros utilizaram-se
desse recurso, elaborando um texto novo a partir de um texto já
existente, os chamados textos fontes, considerados fundamentais em uma
determinada cultura por fazerem parte da memória coletiva de uma
sociedade.
Renato
Russo incorporou a essa música versos de Camões* (cujo poema fala do
amor entre amantes), modificando o sentido de amor (na música, seria
entre os seres humanos em geral), e trechos da Bíblia (1ª Epístola de
São Paulo aos Coríntios*), só que no caso desta última, trocou a palavra
“caridade” da Bíblia por “amor”.Ele se refere à falta de amor entre os
homens, numa espécie de crítica às guerras, à falta de amor entre a
humanidade em si, como ocorreu no caso da Batalha de Monte Castelo, na
Itália, a qual os soldados brasileiros invadiram e tomaram no final da
2ª Guerra Mundial.
Fonte:
http://www.portugues.com.br/redacao/intertextualidade/
https://literaturanomeiodomundo.wordpress.com/2011/10/03/luis-vaz-de-camoes/
a) A
intertextualidade também está presente entre a letra da música de
Renato Russo “Monte Castelo” e o texto de Everton Behenck “CARTA ABERTA
AO MEDO DE AMAR”. Faça a relação entre os versos da música, e as frases
do texto, explicando de que forma eles se relacionam.
(1) “Sem amor eu nada seria.”
(2) “O amor é fogo que arde sem se ver”
(3) “É ferida que dói e não se sente”
(4) “É servir a quem vence, o vencedor”
(5) “É um estar-se preso por vontade”
(6) “É solitário andar por entre a gente”
(7) “É um ter com quem nos mata a lealdade”
( ) “Se alguém tem motivos para correr na direção contrária, sou eu. Mas eu não corro.”
( ) “Mas o amor é meu ofício desde que me entendo por homem.”
( ) “Eu entendo que o amor fique mais raro e assustador na medida em que avançamos nesse século de apaixonados pelo espelho.”
( ) “Só tenho a meu favor o que dizem meus olhos. Mas quem se arriscaria para vê-los de perto?”
( ) “Marquei a ferro muitas vidas. E fui marcado na mesma medida."
( ) “Mas tenho certeza que seria sempre mais forte quando deixá-la.”
( ) “Eu não sou louco e queimo até que não sobre nada além das cinzas.”
* Para ler
Amor é fogo que arde sem se ver
Luis Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É nunca contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor.
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Disponível em:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v301.txt
I carta de São Paulo aos Coríntios
“Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o
dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha
fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo
para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O
Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com
leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca
os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em
parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é
perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era
menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o
maior destes é o Amor.”
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Ep%C3%ADstola_aos_Cor%C3%ADntios
Texto 1
CARTA ABERTA AO MEDO DE AMAR
Everton Behenck
Sempre
há a chance de que tudo seja um erro. Mas o erro faz parte da matéria
de que é feita a vida, e é neles que mais aprendemos. Tudo pode ser uma
loucura mesmo. O coração tem olhos frágeis. E inventa o horizonte para
onde os aponta. Às vezes se engana. É cego e analfabeto. E as vezes nem
era o coração que estava soprando coisas no ouvido. Nos sentidos.
Acontece eu sei. Já vi.
Do
amor, seus filhos e parentes eu sei tudo o que é possível. E isso é
entender que pouco sabemos. O amor é um mistério tão grande quanto o
universo. Mas o amor é meu ofício desde que me entendo homem. O amor é
meu lugar no mundo. Já fui amado mais do que qualquer um nessa terra.
Com devoção honesta. Com dor e sacrifício. Com loucura e vício. Com
prazer de perder o céu e o chão. De encontrar deus. Marquei a ferro
muitas vidas. E fui marcado na mesma medida. Com dor e trauma e
destruição. Com felicidade de despertar a inveja do paraíso.
O
amor é tudo isso. E multiplica seu sentido assim que o descobrimos. Já
amei mais do que poderia supor qualquer possibilidade, sanidade ou
autopreservação.
Eu
não me preservo. Eu já morri de amor. Eu sou louco e queimo até que não
sobre nada além das cinzas. E dessas cinzas eu tiro força e energia o
bastante para sair do que sobrou da fogueira com um diamante no peito.
Eu não tenho medo. E teria todos os motivos para tê-lo. Ainda caminho
sobre a terra arrasada. Mas tenho certeza que serei sempre mais forte
quando deixá-la. Eu já perdi tudo. Fiquei sem nada no mundo. Sem nenhum
pertence.
Por amor.
Se
alguém tem motivos para correr na direção contrária, sou eu. Mas eu não
corro. Por amor eu faço tudo. Poderia ser o primeiro a ficar torcendo
por uma chance de voltar atrás. De correr para um lugar seguro. De
voltar para a zona de conforto.
Mas onde é a zona de conforto quando se está amando?
O
amor só é conforto depois que ele próprio olha para você e percebe o
quanto está entregue e vulnerável. O quanto é incapaz de se defender. O
quanto não quer se proteger enquanto atravessa as dúvidas e a angústia.
Para descobrir o que há do outro lado. O amor é sempre um lugar onde a
gente nunca esteve. O amor inventa dentes assustadores e sorri com eles.
Só para ver se temos coragem de entrar em sua boca. E só então beber
seu beijo.
O
amor não é para os fracos. O amor não é para quem morre de medo. Para
quem precisa estar no comando. O amor é a própria ordem. Por isso até
os planos são supérfluos nesse momento. O amor muda o sentido da
bússola. O amor se apossa da casa. Troca a fechadura.
Eu
entendo quem foge. Eu entendo que o amor fique mais raro e assustador
na medida em que avançamos nesse século de apaixonados pelo espelho.
Entendo que menos pessoas o reconheçam. Ou que simplesmente não se
importem. E que não achem valer a pena assumir os riscos. Pagar o preço.
Provavelmente não vale. Eu entendo quem se preserva. Quem se protege.
Quem escolhe o lugar seguro.
Eu
entendo. E quem sou eu para dizer que estão errados? Não sou exemplo se
não de que amor não mata. Na maior parte das vezes. Só tenho a meu
favor o que dizem meus olhos.
Mas quem se arriscaria para vê-los de perto?
Eu entendo quem vira as costas. Quem dá de ombros.
O
amor é o quarto e é a rua. Ao mesmo tempo. E é claro que tudo fica mais
fácil sem o amor. O amor é um saco e só atrapalha o que estava certo e
calmo. O amor é um cão dos diabos, já dizia o velho poeta bêbado com um
pássaro azul no peito. O amor pode não dar certo. Mas só ele pode nos dar tudo.
1) Dentre as idéias abaixo, assinale a que não é defendida pelo autor do texto.
a) De acordo com o autor, por mais que saibamos tudo sobre o amor, esse tudo é pouco, diante da imensidão desse sentimento.
b) O amor é capaz de causar, tanto dor e sofrimento extremos, quanto a extrema felicidade.
c) É natural temer o amor, pois por causa dele, podemos perder tudo.
d) Segundo o autor, estamos vivenciando um tempo onde a individualidade e o amor próprio perderam espaço para o amor pelo outro.
e) Só o amor pode nos dar tudo.
2) Observe a frase: “Sempre há a chance de que tudo seja um erro.” (1º parágrafo). Ao que o autor se refere?
3) Explique a frase: “O coração tem olhos frágeis. E inventa o horizonte para onde os aponta.” (1º parágrafo).
4) Com o que o autor compara o amor, no 3º parágrafo do texto? E no último?
5)
Na frase: “ Do amor, seus filhos e parentes, eu sei tudo o que é
possível.”(3º parágrafo). A que sentimentos você acredita que o autor
está se referindo?
6) “O amor é tudo isso.”(4º parágrafo). Isso o quê?
7) Releia
a frase: “Marquei a ferro muitas vidas. E fui marcado na mesma medida.”
Esta expressão é conotativa ou denotativa? Qual o sentido que ela
adquire no texto?
8) Quando o amor é conforto, segundo o texto?
9) “E é claro que tudo fica mais fácil sem o amor.” (15º parágrafo). Você concorda com essa afirmação? Justifique:
10) Que termo o autor utiliza para dizer que os planos, quando amamos, são desnecessários, inúteis?
11) A
personificação ou prosopopeia é uma figura de estilo que consiste em
atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações
próprias dos seres humanos. O que, no texto, é personificado? Comprove
com um trecho do texto.
Texto 2
Monte Castelo
Legião Urbana
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor!
É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
Composição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).
1) Leia o conceito a seguir sobre intertextualidade e responda às questões:
A
Linguística Textual, disciplina que aborda os estudos sobre o texto,
tem se dedicado bastante à análise de um de seus grandes temas: a
intertextualidade. A intertextualidade ocorre quando um texto está
inserido em outro texto, podendo acontecer de maneira implícita (sem
citação expressa da fonte) ou explícita (quando há citação da fonte do
intertexto). Muitos compositores e escritores brasileiros utilizaram-se
desse recurso, elaborando um texto novo a partir de um texto já
existente, os chamados textos fontes, considerados fundamentais em uma
determinada cultura por fazerem parte da memória coletiva de uma
sociedade.
Renato
Russo incorporou a essa música versos de Camões* (cujo poema fala do
amor entre amantes), modificando o sentido de amor (na música, seria
entre os seres humanos em geral), e trechos da Bíblia (1ª Epístola de
São Paulo aos Coríntios*), só que no caso desta última, trocou a palavra
“caridade” da Bíblia por “amor”.Ele se refere à falta de amor entre os
homens, numa espécie de crítica às guerras, à falta de amor entre a
humanidade em si, como ocorreu no caso da Batalha de Monte Castelo, na
Itália, a qual os soldados brasileiros invadiram e tomaram no final da
2ª Guerra Mundial.
Fonte:
http://www.portugues.com.br/redacao/intertextualidade/
https://literaturanomeiodomundo.wordpress.com/2011/10/03/luis-vaz-de-camoes/
a) A
intertextualidade também está presente entre a letra da música de
Renato Russo “Monte Castelo” e o texto de Everton Behenck “CARTA ABERTA
AO MEDO DE AMAR”. Faça a relação entre os versos da música, e as frases
do texto, explicando de que forma eles se relacionam.
(1) “Sem amor eu nada seria.”
(2) “O amor é fogo que arde sem se ver”
(3) “É ferida que dói e não se sente”
(4) “É servir a quem vence, o vencedor”
(5) “É um estar-se preso por vontade”
(6) “É solitário andar por entre a gente”
(7) “É um ter com quem nos mata a lealdade”
( ) “Se alguém tem motivos para correr na direção contrária, sou eu. Mas eu não corro.”
( ) “Mas o amor é meu ofício desde que me entendo por homem.”
( ) “Eu entendo que o amor fique mais raro e assustador na medida em que avançamos nesse século de apaixonados pelo espelho.”
( ) “Só tenho a meu favor o que dizem meus olhos. Mas quem se arriscaria para vê-los de perto?”
( ) “Marquei a ferro muitas vidas. E fui marcado na mesma medida."
( ) “Mas tenho certeza que seria sempre mais forte quando deixá-la.”
( ) “Eu não sou louco e queimo até que não sobre nada além das cinzas.”
* Para ler
Amor é fogo que arde sem se ver
Luis Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É nunca contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor.
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Disponível em:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v301.txt
I carta de São Paulo aos Coríntios
“Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o
dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha
fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo
para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O
Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com
leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca
os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em
parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é
perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era
menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o
maior destes é o Amor.”
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Ep%C3%ADstola_aos_Cor%C3%ADntios
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