QUEM COMEU NOSSA INDIGNAÇÃO? - Atividades para o Ensino Médio (com gabarito)


Quem comeu nossa indignação? 
Por: Mônica Raouf El Bayeh em 
https://extra.globo.com/mulher/um-dedo-de-prosa/quem-comeu-nossa-indignacao-21306291.html


1  Dia de pagamento do município. Banco lotado. Dois caixas para atender. Na fila, um homem grita.

2  - Ô gerente, toma vergonha! Isso não é jeito de tratar cliente, não. Tome uma providência!

3  A fila? Se faz de surda. Finge que a cena não é com ela. Como se não estivessem todos ali no mesmo barco do desrespeito.

4  O banco? Mandou um segurança para constranger o cliente revoltado. Importante não é cliente satisfeito. Já fomos vendidos em lote para eles mesmo. Importante é lucrar o máximo possível. E manter os clientes passivos.

5  Se fosse na rua, jogariam bombas. Atacariam com balas de borracha. Quem reclama deve ser punido. Servir de exemplo. Não dar ideia para a boiada que segue tranquila. Esse é o pensamento do senhor feudal. Garantir que o gado não se revolte na fila do matadouro.

6  Assim pensam os poderosos que estão nos poderes. De pequenos gerentes de banco até o mais alto escalão. Chicote no lombo do povo. E ai de quem percebe, se dói e reclama.

7  O homem, certo de seus direitos, não se calou. Mas não teve uma única voz de apoio. Um olhar de agradecimento, que fosse. Quem se levanta para reivindicar, está sozinho. O povo brasileiro, infelizmente, é surdo até quando o assunto é de seu interesse.

8  Por isso benesses são distribuídas para os ricos. E o salário dos funcionários não sai. Quer humilhação maior que trabalhar um mês inteiro e não ter salário? Quer afronta maior que trabalhar e não poder mais se aposentar dignamente?

9  Quem comeu nossa indignação? Quem roubou nossa capacidade de luta? Quem enganou o povo achando que post de Facebook virou luta e substitui as ruas?

10  Sinto comunicar: Luta não é pizza. Não tem delivey. É ir buscar, ou ir buscar. Ela não vêm bater na sua porta. Direitos nunca foram entregues de mãos beijadas. Estude história. A história dos nossos direitos, é história de luta. De embate.

11  Triste é as pessoas não se darem conta do que escoa ralo abaixo enquanto elas nada fazem. Triste a polícia que luta com ódio contra seus iguais. Policial não é trabalhador também? Não se aposenta igual? Não era para lutar junto? Então porque nos massacram como baratas com inseticida? Somos baratas?

12  Não. Somos baratos. Custamos um nada. O menor investimento possível. Qualquer obra meia boca que despenque um mês depois de iniciada. Quem toma conta?

13  Enquanto a gente seguir partido, nada via conseguir. Porque fracionar enfraquece. Enquanto a gente aceitar ser desrespeitado, a gente vai continuar sendo. Porque povo não importa. Importa o lucro. Importa o dinheiro na mão. As ilhas, as mansões, os anéis.

14  Nos tiraram o direito à educação, à saúde, à segurança. Até aos salários! Não somos vítimas. Somos cúmplices. Eles não foram parar no poder sozinhos. Votamos neles. Não eu. Não você. Mas alguém votou. E colocou essas pessoas no poder.

15  O Rio de Janeiro faliu? A culpa é nossa também. Da nossa ausência. Do nosso silêncio. Da passividade burra, igual aos outros da fila. Somos responsáveis. Por cada voto mal dado. Por cada silêncio. Cada omissão. Nós permitimos. Nas simples filas de banco com dois caixas em dia de pagamento. Até o roubo dos nossos direitos.

16  Se não me uno aos que brigam. Se só saio de casa para as ruas em dias de carnaval, não seja eu o que reclame, quando minha vida for eterna quarta-feira de cinzas. Ou sexta-feira da Paixão.
17  Ao homem que gritou no banco, a voz solitária dos que lutam por seus direitos, todo o meu respeito.

1) A autora contextualiza a situação no início do texto, para, após, destacar a indignação de um homem. Pelo que ele reclama?
Ao fato de ter apenas dois caixas atendendo.

2) Em relação à substituição vocabular, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta.
I - "O banco? Mandou um segurança para constranger o cliente revoltado." (4º parágrafo) - poderíamos substituir o termo destacado por "intimidar" sem alterar o sentido da frase.
II - "E manter os clientes passivos." (4º parágrafo) - o termo destacado significa, nesse contexto, que os bancos fazem de tudo para que os clientes não tenham nenhum tipo de ação ou reação diante dos fatos.
III - "Quer afronta maior que trabalhar e não poder mais se aposentar dignamente?" (8º parágrafo) - o termo destacado nessa frase pode ser substituído sem prejuízo de sentido por "ofensa".

a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a III está correta.
d) I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma está correta.

3) Em relação ao texto, é correto afirmar:
I - O maior objetivo dos bancos, segundo a autora, é manter os clientes satisfeitos.
II - Segundo o texto, quem reclama deve ser punido.
III - Conforme a autora, a maior humilhação pela qual alguém pode passar é trabalhar o mês inteiro e não receber.
IV - Posts no Facebook substituem os protestos nas ruas, pois têm o mesmo efeito, uma vez que alcançam um grande número de pessoas.
V - De acordo com a autora, não somos baratos.

a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a III está correta.
d) Apenas a IV está correta.
e) Apenas a V está correta.

4) Observe a seguinte frase: "Porque fracionar enfraquece." (13º parágrafo). Explique o que a autora quis dizer com isso.
Ela quis dizer que a população, se dividida, não tem força contra os poderosos.

5) Por que a autora afirma que não somos vítimas e sim cúmplices de toda a situação?
Porque, segundo a autora, quem está no poder foi colocado lá pelo voto do povo.

6) O prefixo -DES acrescenta às palavras um sentido de negação. Transcreva, do texto, uma frase onde apareça uma palavra que exemplifique isso.
"Como se não estivessem todos ali no mesmo barco do desrespeito."

7) Qual é a frase empregada no texto que explica a seguinte expressão: "Esse é o pensamento do senhor feudal" (5º parágrafo).
"Não dar ideia para a boiada que segue tranquila."

8) Reescreva os períodos abaixo, empregando uma conjunção coordenada explicativa. Faça as alterações necessárias.
a) "Ô gerente, toma vergonha! Isso não é jeito de tratar cliente, não." (2º parágrafo)
"Ô gerente, toma vergonha na cara, pois isso não é jeito de tratar cliente, não."


Quem comeu nossa indignação? 
Por: Mônica Raouf El Bayeh em 
https://extra.globo.com/mulher/um-dedo-de-prosa/quem-comeu-nossa-indignacao-21306291.html


1  Dia de pagamento do município. Banco lotado. Dois caixas para atender. Na fila, um homem grita.

2  - Ô gerente, toma vergonha! Isso não é jeito de tratar cliente, não. Tome uma providência!

3  A fila? Se faz de surda. Finge que a cena não é com ela. Como se não estivessem todos ali no mesmo barco do desrespeito.

4  O banco? Mandou um segurança para constranger o cliente revoltado. Importante não é cliente satisfeito. Já fomos vendidos em lote para eles mesmo. Importante é lucrar o máximo possível. E manter os clientes passivos.

5  Se fosse na rua, jogariam bombas. Atacariam com balas de borracha. Quem reclama deve ser punido. Servir de exemplo. Não dar ideia para a boiada que segue tranquila. Esse é o pensamento do senhor feudal. Garantir que o gado não se revolte na fila do matadouro.

6  Assim pensam os poderosos que estão nos poderes. De pequenos gerentes de banco até o mais alto escalão. Chicote no lombo do povo. E ai de quem percebe, se dói e reclama.

7  O homem, certo de seus direitos, não se calou. Mas não teve uma única voz de apoio. Um olhar de agradecimento, que fosse. Quem se levanta para reivindicar, está sozinho. O povo brasileiro, infelizmente, é surdo até quando o assunto é de seu interesse.

8  Por isso benesses são distribuídas para os ricos. E o salário dos funcionários não sai. Quer humilhação maior que trabalhar um mês inteiro e não ter salário? Quer afronta maior que trabalhar e não poder mais se aposentar dignamente?

9  Quem comeu nossa indignação? Quem roubou nossa capacidade de luta? Quem enganou o povo achando que post de Facebook virou luta e substitui as ruas?

10  Sinto comunicar: Luta não é pizza. Não tem delivey. É ir buscar, ou ir buscar. Ela não vêm bater na sua porta. Direitos nunca foram entregues de mãos beijadas. Estude história. A história dos nossos direitos, é história de luta. De embate.

11  Triste é as pessoas não se darem conta do que escoa ralo abaixo enquanto elas nada fazem. Triste a polícia que luta com ódio contra seus iguais. Policial não é trabalhador também? Não se aposenta igual? Não era para lutar junto? Então porque nos massacram como baratas com inseticida? Somos baratas?

12  Não. Somos baratos. Custamos um nada. O menor investimento possível. Qualquer obra meia boca que despenque um mês depois de iniciada. Quem toma conta?

13  Enquanto a gente seguir partido, nada via conseguir. Porque fracionar enfraquece. Enquanto a gente aceitar ser desrespeitado, a gente vai continuar sendo. Porque povo não importa. Importa o lucro. Importa o dinheiro na mão. As ilhas, as mansões, os anéis.

14  Nos tiraram o direito à educação, à saúde, à segurança. Até aos salários! Não somos vítimas. Somos cúmplices. Eles não foram parar no poder sozinhos. Votamos neles. Não eu. Não você. Mas alguém votou. E colocou essas pessoas no poder.

15  O Rio de Janeiro faliu? A culpa é nossa também. Da nossa ausência. Do nosso silêncio. Da passividade burra, igual aos outros da fila. Somos responsáveis. Por cada voto mal dado. Por cada silêncio. Cada omissão. Nós permitimos. Nas simples filas de banco com dois caixas em dia de pagamento. Até o roubo dos nossos direitos.

16  Se não me uno aos que brigam. Se só saio de casa para as ruas em dias de carnaval, não seja eu o que reclame, quando minha vida for eterna quarta-feira de cinzas. Ou sexta-feira da Paixão.
17  Ao homem que gritou no banco, a voz solitária dos que lutam por seus direitos, todo o meu respeito.

1) A autora contextualiza a situação no início do texto, para, após, destacar a indignação de um homem. Pelo que ele reclama?
Ao fato de ter apenas dois caixas atendendo.

2) Em relação à substituição vocabular, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta.
I - "O banco? Mandou um segurança para constranger o cliente revoltado." (4º parágrafo) - poderíamos substituir o termo destacado por "intimidar" sem alterar o sentido da frase.
II - "E manter os clientes passivos." (4º parágrafo) - o termo destacado significa, nesse contexto, que os bancos fazem de tudo para que os clientes não tenham nenhum tipo de ação ou reação diante dos fatos.
III - "Quer afronta maior que trabalhar e não poder mais se aposentar dignamente?" (8º parágrafo) - o termo destacado nessa frase pode ser substituído sem prejuízo de sentido por "ofensa".

a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a III está correta.
d) I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma está correta.

3) Em relação ao texto, é correto afirmar:
I - O maior objetivo dos bancos, segundo a autora, é manter os clientes satisfeitos.
II - Segundo o texto, quem reclama deve ser punido.
III - Conforme a autora, a maior humilhação pela qual alguém pode passar é trabalhar o mês inteiro e não receber.
IV - Posts no Facebook substituem os protestos nas ruas, pois têm o mesmo efeito, uma vez que alcançam um grande número de pessoas.
V - De acordo com a autora, não somos baratos.

a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a III está correta.
d) Apenas a IV está correta.
e) Apenas a V está correta.

4) Observe a seguinte frase: "Porque fracionar enfraquece." (13º parágrafo). Explique o que a autora quis dizer com isso.
Ela quis dizer que a população, se dividida, não tem força contra os poderosos.

5) Por que a autora afirma que não somos vítimas e sim cúmplices de toda a situação?
Porque, segundo a autora, quem está no poder foi colocado lá pelo voto do povo.

6) O prefixo -DES acrescenta às palavras um sentido de negação. Transcreva, do texto, uma frase onde apareça uma palavra que exemplifique isso.
"Como se não estivessem todos ali no mesmo barco do desrespeito."

7) Qual é a frase empregada no texto que explica a seguinte expressão: "Esse é o pensamento do senhor feudal" (5º parágrafo).
"Não dar ideia para a boiada que segue tranquila."

8) Reescreva os períodos abaixo, empregando uma conjunção coordenada explicativa. Faça as alterações necessárias.
a) "Ô gerente, toma vergonha! Isso não é jeito de tratar cliente, não." (2º parágrafo)
"Ô gerente, toma vergonha na cara, pois isso não é jeito de tratar cliente, não."


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