É preciso oferecer textos à criança já nas primeiras atividades de alfabetização porque conhecer seus usos e suas funções favorece a reflexão sobre o sistema de escrita
Tadeu Breda (novaescola@atleitor.com.br)
Leitura pelo aluno de textos memorizados:
Neste trabalho, o professor:
- Propõe a reflexão sobre o sistema alfabético de escrita.
- Proporciona situações reais de leitura com cantigas e parlendas.
- Permite que os alunos estabeleçam uma relação entre o oral e o escrito.
Segundo Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá,
em São Paulo, é o contato com o texto que permite ao aluno refletir
sobre o funcionamento do sistema de escrita. "A reflexão constante
possibilita desenvolver estratégias de leitura", explica a educadora.
Tais
estratégias são postas em prática pelas crianças sempre que tentam
"ler" mesmo sem saber ler. "Elas antecipam o que pode estar escrito.
Como ainda não dominam o sistema, estão o tempo todo usando informações
sobre a escrita do próprio nome, do nome dos colegas ou outros que
trazem da própria experiência." Beatriz esclarece que essa tentativa de
leitura não é aleatória. Ao contrário, "é um trabalho intelectual. A
criança compara as palavras, seleciona, olha para todas as pistas e só
então verifica o que está escrito".
Existem
atividades que ensinam o aluno a ler ao mesmo tempo em que proporcionam
situações reais de leitura. Um exemplo é uma coletânea de cantigas e
parlendas que as crianças já conheçam de cor. A
letra da música é afixada pela professora na parede da sala de aula de
maneira que todos possam acompanhar a leitura enquanto cantam. Assim -
sempre com a intervenção da professora -, constroem relações entre o que
pronunciam e a escrita correspondente (leia o projeto didático).
A
professora Ana Rosa Piovesana conseguiu alfabetizar todos os alunos no
1º ano da EMEB Rosa Scavone, em Itatiba, a 89 quilômetros de São Paulo,
lançando mão de atividades de leitura e escrita de cantigas e parlendas,
entre outras. No início de 2008, sua sala tinha oito crianças
pré-silábicas, duas silábicas sem valor sonoro convencional, oito
silábicas com valor sonoro convencional, uma silábica-alfabética e duas
alfabéticas.
Antes
de tudo, Ana Rosa pergunta quais cantigas todos conhecem. Esse
levantamento é importante para saber que canções fazem parte do
repertório comum da classe. Como as crianças ainda não dominam o sistema
de escrita, a memorização prévia da canção que será "lida" é essencial
para saberO QUE está escrito e tentar ler ONDE está escrito: se trabalha
a música O Sapo Não Lava o Pé, por exemplo, o estudante saberá que as
estrofes que tentará ler durante a atividade correspondem tão-somente à
letra dessa música.
"Escrevo
a letra das cantigas num papel pardo e coloco na parede da sala. Também
entrego uma cópia para cada um colar no caderno para levar para casa e
ler com os pais", diz Ana Rosa. "Então cantamos a música, acompanhando a
letra, apontando e fazendo o ajuste do falado ao escrito conforme ela
vai sendo cantada. Depois, peço que encontrem palavras da música."
Ana
Rosa descreve as intervenções realizadas com um de seus alunos durante o
trabalho com uma das cantigas. Os versos em questão eram: "Havia uma
barata/ Na careca do vovô/ Assim que ela me viu/ Bateu asas e voou". Ana
perguntou:
- Lucas, encontre para mim na cantiga a palavra "vovô".
Ele apontou a palavra "voou".
- Lucas, diga com que letra começa a palavra "vovô"?
- Com "v", de Vanessa.
- Muito bem, mas...
- Mas esta também começa com "v" - disse Lucas, se antecipando à docente e apontando para a palavra "vovô".
- Então, com que letra termina a palavra "vovô"?
A
intervenção nesse caso levou o garoto a analisar mais que a primeira
letra da palavra para conseguir lê-la e encontrá-la. "Lucas observou que
'voou' não tinha a letra 'o' no fim, percebeu que aquela não era a
palavra correta e recorreu novamente à música para encontrar o que havia
sido pedido", explica Ana Rosa.
Fonte: Reportagem do site da Revista Nova Escola.
É preciso oferecer textos à criança já nas primeiras atividades de alfabetização porque conhecer seus usos e suas funções favorece a reflexão sobre o sistema de escrita
Tadeu Breda (novaescola@atleitor.com.br)
Leitura pelo aluno de textos memorizados:
Neste trabalho, o professor:
- Propõe a reflexão sobre o sistema alfabético de escrita.
- Proporciona situações reais de leitura com cantigas e parlendas.
- Permite que os alunos estabeleçam uma relação entre o oral e o escrito.
Segundo Beatriz Gouveia, coordenadora do programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá,
em São Paulo, é o contato com o texto que permite ao aluno refletir
sobre o funcionamento do sistema de escrita. "A reflexão constante
possibilita desenvolver estratégias de leitura", explica a educadora.
Tais
estratégias são postas em prática pelas crianças sempre que tentam
"ler" mesmo sem saber ler. "Elas antecipam o que pode estar escrito.
Como ainda não dominam o sistema, estão o tempo todo usando informações
sobre a escrita do próprio nome, do nome dos colegas ou outros que
trazem da própria experiência." Beatriz esclarece que essa tentativa de
leitura não é aleatória. Ao contrário, "é um trabalho intelectual. A
criança compara as palavras, seleciona, olha para todas as pistas e só
então verifica o que está escrito".
Existem
atividades que ensinam o aluno a ler ao mesmo tempo em que proporcionam
situações reais de leitura. Um exemplo é uma coletânea de cantigas e
parlendas que as crianças já conheçam de cor. A
letra da música é afixada pela professora na parede da sala de aula de
maneira que todos possam acompanhar a leitura enquanto cantam. Assim -
sempre com a intervenção da professora -, constroem relações entre o que
pronunciam e a escrita correspondente (leia o projeto didático).
A
professora Ana Rosa Piovesana conseguiu alfabetizar todos os alunos no
1º ano da EMEB Rosa Scavone, em Itatiba, a 89 quilômetros de São Paulo,
lançando mão de atividades de leitura e escrita de cantigas e parlendas,
entre outras. No início de 2008, sua sala tinha oito crianças
pré-silábicas, duas silábicas sem valor sonoro convencional, oito
silábicas com valor sonoro convencional, uma silábica-alfabética e duas
alfabéticas.
Antes
de tudo, Ana Rosa pergunta quais cantigas todos conhecem. Esse
levantamento é importante para saber que canções fazem parte do
repertório comum da classe. Como as crianças ainda não dominam o sistema
de escrita, a memorização prévia da canção que será "lida" é essencial
para saberO QUE está escrito e tentar ler ONDE está escrito: se trabalha
a música O Sapo Não Lava o Pé, por exemplo, o estudante saberá que as
estrofes que tentará ler durante a atividade correspondem tão-somente à
letra dessa música.
"Escrevo
a letra das cantigas num papel pardo e coloco na parede da sala. Também
entrego uma cópia para cada um colar no caderno para levar para casa e
ler com os pais", diz Ana Rosa. "Então cantamos a música, acompanhando a
letra, apontando e fazendo o ajuste do falado ao escrito conforme ela
vai sendo cantada. Depois, peço que encontrem palavras da música."
Ana
Rosa descreve as intervenções realizadas com um de seus alunos durante o
trabalho com uma das cantigas. Os versos em questão eram: "Havia uma
barata/ Na careca do vovô/ Assim que ela me viu/ Bateu asas e voou". Ana
perguntou:
- Lucas, encontre para mim na cantiga a palavra "vovô".
Ele apontou a palavra "voou".
- Lucas, diga com que letra começa a palavra "vovô"?
- Com "v", de Vanessa.
- Muito bem, mas...
- Mas esta também começa com "v" - disse Lucas, se antecipando à docente e apontando para a palavra "vovô".
- Então, com que letra termina a palavra "vovô"?
A
intervenção nesse caso levou o garoto a analisar mais que a primeira
letra da palavra para conseguir lê-la e encontrá-la. "Lucas observou que
'voou' não tinha a letra 'o' no fim, percebeu que aquela não era a
palavra correta e recorreu novamente à música para encontrar o que havia
sido pedido", explica Ana Rosa.
Fonte: Reportagem do site da Revista Nova Escola.
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