Brincar
é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o
mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, a turma adquire
novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível
brincar sem ter nada em mãos. Como ocorre durante o pega-pega e a
ciranda, por exemplo. Mas os brinquedos têm papel fundamental no
desenvolvimento infantil. Para que eles cumpram bem essa função, não
basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginando
que, por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer. É
essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar
momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as
experiências da meninada. Tudo isso sempre equilibrando quantidade,
qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros,
resistentes e com um bom aspecto estético.
1 Como trabalhar bem sem uma brinquedoteca?
Ela não garante um trabalho bem-feito. Além disso, não é interessante
que os brinquedos fiquem restritos a um ambiente. As crianças precisam
encontrá-los em vários lugares e momentos. A preocupação maior deve ser
em relação à organização do local e ao acesso dos pequenos aos itens. De
nada adianta ter uma brinquedoteca se ela sempre estiver fechada ou se a
turma só usá-la esporadicamente. Se ela existir, o acesso deve ser
livre, assim como a circulação de brinquedos pela escola.
2 O que fazer se não existem brinquedos para todos?
É importante organizá-los para que sejam compartilhados, garantindo que
todos brinquem. Os educadores devem planejar intercâmbios de objetos
entre as turmas e a interação entre elas, inclusive reunindo crianças de
idades diferentes. A garotada tem muito a ganhar: há trocas de ideias e
o brincar se torna mais rico.
3 Armas de brinquedo devem fazer parte do acervo?
Mais do que decidir por incluir armas ou outros objetos, o importante é
que as crianças possam elaborar ideias sobre o bem e o mal. Nas
brincadeiras, o vilão é tão importante quanto o mocinho, portanto os
pequenos têm de lidar com ambos no universo lúdico.
4 Há itens adequados para meninos e para meninas?
Não. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e conhecer as
culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são só para meninas, e
carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item sem
distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. Elaine
Eleutério, coordenadora pedagógica da CEINF Lafayete Câmara, em Campo
Grande, explica que, quando os meninos, por exemplo, se negam a
participar das brincadeiras de casinha por acreditarem que isso não é
coisa de homem, os educadores entram em cena. "Questionamos a validade
da afirmação com os pequenos. Dizemos que existem homens que fazem as
tarefas domésticas e perguntamos se a turma conhece alguém que faça isso
no dia a dia", diz.
5 É interessante usar sucata para incrementar o acervo?
Sim, não há problema em reaproveitar materiais. Ao eleger quais vão ser
usados, é necessário questionar a utilidade que eles terão. Não se trata
de aproveitar qualquer coisa para montar brinquedos, e sim criar
brinquedos com objetos interessantes, de qualidade, bonitos e que não
sejam perigosos. O ideal é deixar à disposição itens de uso não
evidente, como rolos de papel-alumínio, e estimular os pequenos a
conferir utilidade a ele, montando lunetas, binóculos ou cornetas, por
exemplo.
6 Deve-se permitir levar brinquedos de casa?
Sim. As crianças gostam de fazer isso para mostrar aos outros quem são e
do que gostam. Também o fazem para ter por perto um objeto pessoal com o
qual se identificam e têm familiaridade. Combinados com a turma e com
as famílias sobre emprestar os objetos para os colegas brincarem, ter
cuidado para não danificá-los, misturá-los ao acervo, perder os
esquecê-los ajuda a evitar problemas. É válido elaborar uma lista
coletiva do que não é legal levar, dos brinquedos que não se quer
emprestar, que tenham peças muito pequenas ou que já existam na escola e
divulgá-la para os pais. Estipular um dia para que todos levem seus
brinquedos pode ser uma alternativa interessante desde que não seja esse
o único dia que eles tenham para brincar.
7 Quais objetos fazem as vezes dos brinquedos?
Há muitos que podem enriquecer a brincadeira. Quem acha que os pequenos
precisam de algo específico são os adultos. O acervo pode ter coisas
perenes, como caixas de madeira e tecidos. "Eles podem ser usados para
construir diversos itens", explica Cisele Ortiz, coordenadora de
projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Lupas, fitas métricas e
lanternas são ótimos para estimular a meninada a estudar e explorar o
ambiente.
8 Como evitar que a turma destrua os brinquedos?
Primeiramente, é fundamental compreender que mesmo os objetos de
qualidade não são eternos. Depois, brinquedo desgastado é sinônimo de
brinquedo usado. Explique às crianças que cuidados são essenciais para
manter os itens em bom estado para serem usados por outros colegas que
chegarão à pré-escola no futuro, por exemplo. Novos brinquedos no
acervo, principalmente aqueles que o grupo não conhece, pedem atenção.
Ninguém sabe como cuidar do que nunca viu e que não sabe como funciona.
Beatriz Santomauro
Colaborou Cinthia Rodrigues
Nova Escola
http://novaescola.org.br/
Brincar
é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o
mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, a turma adquire
novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível
brincar sem ter nada em mãos. Como ocorre durante o pega-pega e a
ciranda, por exemplo. Mas os brinquedos têm papel fundamental no
desenvolvimento infantil. Para que eles cumpram bem essa função, não
basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginando
que, por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer. É
essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar
momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as
experiências da meninada. Tudo isso sempre equilibrando quantidade,
qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros,
resistentes e com um bom aspecto estético.
1 Como trabalhar bem sem uma brinquedoteca?
Ela não garante um trabalho bem-feito. Além disso, não é interessante
que os brinquedos fiquem restritos a um ambiente. As crianças precisam
encontrá-los em vários lugares e momentos. A preocupação maior deve ser
em relação à organização do local e ao acesso dos pequenos aos itens. De
nada adianta ter uma brinquedoteca se ela sempre estiver fechada ou se a
turma só usá-la esporadicamente. Se ela existir, o acesso deve ser
livre, assim como a circulação de brinquedos pela escola.
2 O que fazer se não existem brinquedos para todos?
É importante organizá-los para que sejam compartilhados, garantindo que
todos brinquem. Os educadores devem planejar intercâmbios de objetos
entre as turmas e a interação entre elas, inclusive reunindo crianças de
idades diferentes. A garotada tem muito a ganhar: há trocas de ideias e
o brincar se torna mais rico.
3 Armas de brinquedo devem fazer parte do acervo?
Mais do que decidir por incluir armas ou outros objetos, o importante é
que as crianças possam elaborar ideias sobre o bem e o mal. Nas
brincadeiras, o vilão é tão importante quanto o mocinho, portanto os
pequenos têm de lidar com ambos no universo lúdico.
4 Há itens adequados para meninos e para meninas?
Não. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e conhecer as
culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são só para meninas, e
carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item sem
distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. Elaine
Eleutério, coordenadora pedagógica da CEINF Lafayete Câmara, em Campo
Grande, explica que, quando os meninos, por exemplo, se negam a
participar das brincadeiras de casinha por acreditarem que isso não é
coisa de homem, os educadores entram em cena. "Questionamos a validade
da afirmação com os pequenos. Dizemos que existem homens que fazem as
tarefas domésticas e perguntamos se a turma conhece alguém que faça isso
no dia a dia", diz.
5 É interessante usar sucata para incrementar o acervo?
Sim, não há problema em reaproveitar materiais. Ao eleger quais vão ser
usados, é necessário questionar a utilidade que eles terão. Não se trata
de aproveitar qualquer coisa para montar brinquedos, e sim criar
brinquedos com objetos interessantes, de qualidade, bonitos e que não
sejam perigosos. O ideal é deixar à disposição itens de uso não
evidente, como rolos de papel-alumínio, e estimular os pequenos a
conferir utilidade a ele, montando lunetas, binóculos ou cornetas, por
exemplo.
6 Deve-se permitir levar brinquedos de casa?
Sim. As crianças gostam de fazer isso para mostrar aos outros quem são e
do que gostam. Também o fazem para ter por perto um objeto pessoal com o
qual se identificam e têm familiaridade. Combinados com a turma e com
as famílias sobre emprestar os objetos para os colegas brincarem, ter
cuidado para não danificá-los, misturá-los ao acervo, perder os
esquecê-los ajuda a evitar problemas. É válido elaborar uma lista
coletiva do que não é legal levar, dos brinquedos que não se quer
emprestar, que tenham peças muito pequenas ou que já existam na escola e
divulgá-la para os pais. Estipular um dia para que todos levem seus
brinquedos pode ser uma alternativa interessante desde que não seja esse
o único dia que eles tenham para brincar.
7 Quais objetos fazem as vezes dos brinquedos?
Há muitos que podem enriquecer a brincadeira. Quem acha que os pequenos
precisam de algo específico são os adultos. O acervo pode ter coisas
perenes, como caixas de madeira e tecidos. "Eles podem ser usados para
construir diversos itens", explica Cisele Ortiz, coordenadora de
projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Lupas, fitas métricas e
lanternas são ótimos para estimular a meninada a estudar e explorar o
ambiente.
8 Como evitar que a turma destrua os brinquedos?
Primeiramente, é fundamental compreender que mesmo os objetos de
qualidade não são eternos. Depois, brinquedo desgastado é sinônimo de
brinquedo usado. Explique às crianças que cuidados são essenciais para
manter os itens em bom estado para serem usados por outros colegas que
chegarão à pré-escola no futuro, por exemplo. Novos brinquedos no
acervo, principalmente aqueles que o grupo não conhece, pedem atenção.
Ninguém sabe como cuidar do que nunca viu e que não sabe como funciona.
Beatriz Santomauro
Colaborou Cinthia Rodrigues
Nova Escola
http://novaescola.org.br/
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