DESCONSTRUÇÕES
publicado em recortes por Sílvia Marques
Relato autobiográfico sobre o fim do amor e suas consequências terríveis.
Até ontem escrevia posts motivadores, ressaltando o poder do otimismo e como a vida pode nos sorrir em qualquer idade. Falava sobre o amor, sobre a beleza de cuidar e de ser cuidado pelo ser amado, num processo dialético de companheirismo, carinho e assertividade.
publicado em recortes por Sílvia Marques
Relato autobiográfico sobre o fim do amor e suas consequências terríveis.
Até ontem escrevia posts motivadores, ressaltando o poder do otimismo e como a vida pode nos sorrir em qualquer idade. Falava sobre o amor, sobre a beleza de cuidar e de ser cuidado pelo ser amado, num processo dialético de companheirismo, carinho e assertividade.
Falava
sobre o amor com certo encantamento, pois esperei por ele durante toda a
minha vida sem sucesso. Passei a minha vida amando ou pensando amar.
Dando o meu melhor, me adaptando aos outros, às necessidades alheias. Às
necessidades do relacionamento. Nunca me importei com o tamanho da
conta bancária do ser amado e com qualquer outra dificuldade, pois
sempre acreditei no poder do amor para fazer dar certo.
Fui
uma mistura de gueixa, madre Tereza de Calcutá com as fantasias mais
loucas de meus parceiros. Fui mãe, amiga, amante, terapeuta, louca,
santa. O que eles queriam. O que eles precisavam. O que eu julgava que
eles precisavam. Sempre sem sucesso saía de suas vidas vazia e
humilhada. Deixava muito de mim. E ia embora de mãos vazias, o coração
seco.
Com quase 35 anos, quando já havia desistido de viver o amor, eu o redescobri acidentalmente. Redescobri a esperança e a vida floriu cheia de sentidos. Aprendi que amor e felicidade acontecem em qualquer idade. E sobre os escombros de amores passados, amores abortados, construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado. Comecei a acreditar em tudo que tinha negado. Baixei a guarda. Perdi meu ar irônico, típico das mulheres intelectuais e sozinhas. Perdi preconceitos. Quebrei paradigmas. Comecei a viver no sentido mais amplo da palavra.
Com quase 35 anos, quando já havia desistido de viver o amor, eu o redescobri acidentalmente. Redescobri a esperança e a vida floriu cheia de sentidos. Aprendi que amor e felicidade acontecem em qualquer idade. E sobre os escombros de amores passados, amores abortados, construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado. Comecei a acreditar em tudo que tinha negado. Baixei a guarda. Perdi meu ar irônico, típico das mulheres intelectuais e sozinhas. Perdi preconceitos. Quebrei paradigmas. Comecei a viver no sentido mais amplo da palavra.
Mas
justamente quando me sinto mais feliz e plena, a fortaleza se reverte
em um castelinho de cartas e desmorona sobre os dois anos de
experiências múltiplas e maravilhosas.
O
que eu julgava forte e verdadeiro era apenas mais um fiasco com um
agravante a mais: durou mais tempo, envolveu mais promessas, comprometeu
mais meu coração. Quem eu considerei o meu anjo vingador que
compensaria todas as mazelas sofridas por homens imaturos e egoístas era
talvez o mais imaturo de todos. Quem eu imaginava ser demasiadamente
frágil, sensível e humano para causar sofrimento em outro ser igualmente
frágil, sensível e humano mostrou-se mais um entre tantas
personalidades indiferentes e frias espalhadas na multidão.
Hoje
tenho quase 37 anos e me lembro de uma frase que me marcou muito no
filme Grandes esperanças, adaptado do romance homônimo de Charles
Dickens. A personagem vivida por Anne Bancroft conta ao protagonista
como foi abandonada no altar por seu noivo. E ao final da narração,
indaga com os olhos típicos daqueles que desistiram da vida: “Que tipo
de homem abandona uma mulher de 42 anos no altar?”
Faço-me
a mesma pergunta. Como alguém que te amou docemente por dois anos pode
em uma semana desconstruir todo o amor; jogar fora sem piedade e
hesitação o que foi construído por 2 anos com cuidado e carinho? E como
fazer isso com uma mulher que o considerava um milagre? Uma mulher de
quase 37 anos em um país onde a juventude é bem importante para começar
um novo amor em bases tradicionais?
Amores
e relacionamentos acabam. Ok. O que nos desconstrói não é o fim em si.
Mas como o fim acontece. Muita gente namora por namorar e quando o
romance chega ao fim, uma pequena parte se desprende da pessoa. Gera um
incômodo, mas a vida continua firme e forte.
No
meu caso, abri mão da minha família, da minha profissão, de tudo que
mais amava e prezava para viver um amor. Despi-me de mim mesma para
encontrar o mais profundo de mim. Saí nua, de peito aberto, na linha de
frente da vida. Não perdi um namoro, um romance, um amor. Perdi o fio
condutor da minha vida. Me tornei personagem coadjuvante em minha
própria história. As tramas periféricas perderam a força diante da
ausência da principal. Hoje busco em mim algum detonador que tenha
restado em algum refúgio escuro. Na juventude, reencontrava-me na
literatura, no teatro, na insolência dos 20 anos.
Depois
de perder meu primeiro grande amor, a quem amei por 16 anos, a quem
amei em silêncio até conhecer o meu último relacionamento, fiz um
mestrado e me descobri uma acadêmica. Depois de uma paixão avassaladora,
publiquei um livro. Depois de outro romance significativo, comecei a
pintar quadros. As lágrimas viravam poesia . O sofrimento, argila para
moldar o meu destino. Sim, parecia uma fonte inesgotável de inspiração.
Quanto mais me desapontava, quanto mais rejeitada me sentia, mais eu
aprendia e crescia. Mas apesar dos pesares, nenhum deles foi o fio
condutor da minha vida. Lá no fundo eu sabia que eles não haviam chegado
para ficar.
Hoje
tenho que me recriar, me reescrever, me reinventar. Me afastar do mundo
que me cerca e que era anteriormente familiar. O mundo é hoje um
estranho para mim. Eu sou uma estranha para mim. Apenas quando escrevo,
lembro-me vagamente de mim. Uma memória distante e disforme. Não sei
mais o que desejo, pois anulei tudo o que queria para adequar-me à
situação. Hoje já não posso reconhecer-me no reflexo do espelho. Não
vejo mais o brilho devastador do meu olhar nem a vontade de recomeçar.
Não
escrevo este post para desanimar ninguém. Nem para dizer que o amor não
existe. Sim, o amor existe e deve valer muito a pena. Conheço gente que
se ama, que se respeita, que se quer bem. Gente que não mede esforços
para construir uma vida significativa com o ser amado, apesar das
dificuldades e problemas do dia a dia. Nunca fui amada, mas eu senti
muito amor. Escrevo para aqueles que como eu estão desconstruídos. Para
saberem que não estão sozinhos. Para saberem que não há vergonha alguma
em perder o chão, o projeto de vida , o sentido para viver. Não há
vergonha em amar demais e acreditar na bondade humana. O mal não está em
nós. Mas por alguma razão somos nós os escolhidos para viver os efeitos
dele. Por que é assim? Não sei. Talvez possa descobrir no meu processo
de reconstrução.
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook
1)
A autora afirma, no primeiro parágrafo, que "até ontem escrevia posts
motivadores, ressaltando o otimismo, a vida, o amor." O que podemos
deduzir, a partir desta frase e o título do texto?
2) Sobre o texto, é correto afirmar:
I - O amor e a felicidade independem de idade, para acontecer.
II - Os novos romances não costumam sobreviver aos traumas e mágoas deixadas pelos amores passados.
III - O que nos desconstrói, segundo a autora, é o fim dos relacionamentos.
IV - A autora afirma nunca ter sido amada.
V - Os romances frustrados da autora a inspiraram a escrever livros e a pintar quadros.
a) I, II e III estão incorretas.
b) II e III estão incorretas.
c) III e IV estão corretas.
d) IV e V estão incorretas.
e) Todas estão corretas.
3) Que motivações a autora descobriu com o término de seus romances?
4) É possível deduzir que o texto é sobre a vida amorosa da autora? Em caso positivo, comprove com um trecho do texto.
5) Que tipo de características a autora atribui às mulheres intelectuais?
6) Em relação à linguagem do texto, analise as afirmações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.
I - "Dando o meu melhor, me adaptando aos outros, às necessidades alheias." (2º parágrafo) - os termos destacados são sinônimos.
II - "E sobre os escombros de amores passados, amores abortados,
construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado." (4º
parágrafo) - nesta frase, os termos destacados se referem,
respectivamente, ao que restou de amores passados e aos amores que
fracassaram.
III - "Quem eu considerei o meu anjo vingador que compensaria todas as mazelas
sofridas por homens imaturos e egoístas [...]" (6º parágrafo) - os
termos destacados são sinônimos de "equilibrar" e " desgostos",
respectivamente.
IV - "[...] uma frase que me marcou muito no filme Grandes esperanças, adaptado do romance homônimo de Charles Dickens." (7º parágrafo) - é correto afirmar que o nome do romance de Charles Dickens é "Grandes Esperanças".
V - "[...] jogar fora sem piedade e hesitação o que foi construído por 2 anos com cuidado e carinho?" (8º parágrafo) - o termo destacado é sinônimo de "triunfo", "sucesso".
a) I, II e III estão incorretas.
b) Apenas a V está incorreta.
c) III e V estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Nenhuma está correta.
7) No primeiro período do texto, foi omitido um pronome. Que pronome é esse e como ele se classifica?
8) Observe a frase: "O que eles queriam." (3º parágrafo). O pronome destacado refere-se a qual termo mencionado anteriormente?
9) Na frase: "Sempre sem sucesso saía de suas vidas vazia e humilhada." O pronome possessivo destacado atribui o que a quem?
10) Nas frases abaixo, indique a que termos os pronomes relativos destacados se referem:
a) "Quem
eu considerei o meu anjo vingador que compensaria todas as mazelas
sofridas por homens imaturos e egoístas era talvez o mais imaturo de
todos." (6º parágrafo).
b) "Hoje tenho quase 37 anos e me lembro de uma frase que me marcou muito no filme Grandes esperanças,[...]" (7º parágrafo).
c) "Uma mulher de quase 37 anos em um país onde a juventude é bem importante para começar um novo amor em bases tradicionais?" (8º parágrafo).
d) "Hoje
busco em mim algum detonador que tenha restado em algum refúgio escuro.
Na juventude, reencontrava-me na literatura, no teatro, na insolência
dos 20 anos." (10º parágrafo).
e) "Me afastar do mundo que me cerca e que era anteriormente familiar." (12º parágrafo).
11) Na frase "[...] eu o redescobri acidentalmente." (4º parágrafo), o pronome pessoal oblíquo destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
12) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "Perdi meu ar irônico [...]" (4º parágrafo).
b) "[...] pode em uma semana desconstruir todo o amor;" (8º parágrafo)
c) "[...] a juventude é bem importante para começar um novo amor [...]" (8º parágrafo)
d) "[...] de tudo que mais amava e prezava para viver um amor." (10º parágrafo)
e) "Depois de outro romance significativo, comecei a pintar quadros." (11º parágrafo)
13)
Reescreva as frases abaixo, substituindo os pronomes pessoais oblíquos
destacados, pelos seus equivalentes, empregando a pessoa solicitada
entre parênteses. Faça as alterações necessárias.
a) "Nunca me importei com o tamanho da conta bancária do ser amado [...] (2º parágrafo) (1ª pessoa do plural).
b) "O que nos desconstrói não é o fim em si." (9º parágrafo) (2ª pessoa do singular).
c) "Mas justamente quando me sinto mais feliz e plena,[...]" (3ª pessoa do singular).
14)
Identifique e classifique os adjuntos adverbiais presentes no primeiro
parágrafo do texto. Destaque as frases em que eles aparecem.
15) O termo destacado no período "Falava sobre o amor com certo encantamento, pois esperei por ele durante toda a minha vida sem sucesso." (2º parágrafo) estabelece entre as orações uma relação de:
a) Finalidade
b) Explicação
c) Consequência
d) Alternância
e) Adição
16) O termo destacado no período "Gera um incômodo, mas a vida continua firme e forte." (9º parágrafo) estabelece entre as orações uma relação de:
a) Contradição
b) Explicação
c) Consequência
d) Alternância
e) Adição
DESCONSTRUÇÕES
publicado em recortes por Sílvia Marques
Relato autobiográfico sobre o fim do amor e suas consequências terríveis.
Até ontem escrevia posts motivadores, ressaltando o poder do otimismo e como a vida pode nos sorrir em qualquer idade. Falava sobre o amor, sobre a beleza de cuidar e de ser cuidado pelo ser amado, num processo dialético de companheirismo, carinho e assertividade.
publicado em recortes por Sílvia Marques
Relato autobiográfico sobre o fim do amor e suas consequências terríveis.
Até ontem escrevia posts motivadores, ressaltando o poder do otimismo e como a vida pode nos sorrir em qualquer idade. Falava sobre o amor, sobre a beleza de cuidar e de ser cuidado pelo ser amado, num processo dialético de companheirismo, carinho e assertividade.
Falava
sobre o amor com certo encantamento, pois esperei por ele durante toda a
minha vida sem sucesso. Passei a minha vida amando ou pensando amar.
Dando o meu melhor, me adaptando aos outros, às necessidades alheias. Às
necessidades do relacionamento. Nunca me importei com o tamanho da
conta bancária do ser amado e com qualquer outra dificuldade, pois
sempre acreditei no poder do amor para fazer dar certo.
Fui
uma mistura de gueixa, madre Tereza de Calcutá com as fantasias mais
loucas de meus parceiros. Fui mãe, amiga, amante, terapeuta, louca,
santa. O que eles queriam. O que eles precisavam. O que eu julgava que
eles precisavam. Sempre sem sucesso saía de suas vidas vazia e
humilhada. Deixava muito de mim. E ia embora de mãos vazias, o coração
seco.
Com quase 35 anos, quando já havia desistido de viver o amor, eu o redescobri acidentalmente. Redescobri a esperança e a vida floriu cheia de sentidos. Aprendi que amor e felicidade acontecem em qualquer idade. E sobre os escombros de amores passados, amores abortados, construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado. Comecei a acreditar em tudo que tinha negado. Baixei a guarda. Perdi meu ar irônico, típico das mulheres intelectuais e sozinhas. Perdi preconceitos. Quebrei paradigmas. Comecei a viver no sentido mais amplo da palavra.
Com quase 35 anos, quando já havia desistido de viver o amor, eu o redescobri acidentalmente. Redescobri a esperança e a vida floriu cheia de sentidos. Aprendi que amor e felicidade acontecem em qualquer idade. E sobre os escombros de amores passados, amores abortados, construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado. Comecei a acreditar em tudo que tinha negado. Baixei a guarda. Perdi meu ar irônico, típico das mulheres intelectuais e sozinhas. Perdi preconceitos. Quebrei paradigmas. Comecei a viver no sentido mais amplo da palavra.
Mas
justamente quando me sinto mais feliz e plena, a fortaleza se reverte
em um castelinho de cartas e desmorona sobre os dois anos de
experiências múltiplas e maravilhosas.
O
que eu julgava forte e verdadeiro era apenas mais um fiasco com um
agravante a mais: durou mais tempo, envolveu mais promessas, comprometeu
mais meu coração. Quem eu considerei o meu anjo vingador que
compensaria todas as mazelas sofridas por homens imaturos e egoístas era
talvez o mais imaturo de todos. Quem eu imaginava ser demasiadamente
frágil, sensível e humano para causar sofrimento em outro ser igualmente
frágil, sensível e humano mostrou-se mais um entre tantas
personalidades indiferentes e frias espalhadas na multidão.
Hoje
tenho quase 37 anos e me lembro de uma frase que me marcou muito no
filme Grandes esperanças, adaptado do romance homônimo de Charles
Dickens. A personagem vivida por Anne Bancroft conta ao protagonista
como foi abandonada no altar por seu noivo. E ao final da narração,
indaga com os olhos típicos daqueles que desistiram da vida: “Que tipo
de homem abandona uma mulher de 42 anos no altar?”
Faço-me
a mesma pergunta. Como alguém que te amou docemente por dois anos pode
em uma semana desconstruir todo o amor; jogar fora sem piedade e
hesitação o que foi construído por 2 anos com cuidado e carinho? E como
fazer isso com uma mulher que o considerava um milagre? Uma mulher de
quase 37 anos em um país onde a juventude é bem importante para começar
um novo amor em bases tradicionais?
Amores
e relacionamentos acabam. Ok. O que nos desconstrói não é o fim em si.
Mas como o fim acontece. Muita gente namora por namorar e quando o
romance chega ao fim, uma pequena parte se desprende da pessoa. Gera um
incômodo, mas a vida continua firme e forte.
No
meu caso, abri mão da minha família, da minha profissão, de tudo que
mais amava e prezava para viver um amor. Despi-me de mim mesma para
encontrar o mais profundo de mim. Saí nua, de peito aberto, na linha de
frente da vida. Não perdi um namoro, um romance, um amor. Perdi o fio
condutor da minha vida. Me tornei personagem coadjuvante em minha
própria história. As tramas periféricas perderam a força diante da
ausência da principal. Hoje busco em mim algum detonador que tenha
restado em algum refúgio escuro. Na juventude, reencontrava-me na
literatura, no teatro, na insolência dos 20 anos.
Depois
de perder meu primeiro grande amor, a quem amei por 16 anos, a quem
amei em silêncio até conhecer o meu último relacionamento, fiz um
mestrado e me descobri uma acadêmica. Depois de uma paixão avassaladora,
publiquei um livro. Depois de outro romance significativo, comecei a
pintar quadros. As lágrimas viravam poesia . O sofrimento, argila para
moldar o meu destino. Sim, parecia uma fonte inesgotável de inspiração.
Quanto mais me desapontava, quanto mais rejeitada me sentia, mais eu
aprendia e crescia. Mas apesar dos pesares, nenhum deles foi o fio
condutor da minha vida. Lá no fundo eu sabia que eles não haviam chegado
para ficar.
Hoje
tenho que me recriar, me reescrever, me reinventar. Me afastar do mundo
que me cerca e que era anteriormente familiar. O mundo é hoje um
estranho para mim. Eu sou uma estranha para mim. Apenas quando escrevo,
lembro-me vagamente de mim. Uma memória distante e disforme. Não sei
mais o que desejo, pois anulei tudo o que queria para adequar-me à
situação. Hoje já não posso reconhecer-me no reflexo do espelho. Não
vejo mais o brilho devastador do meu olhar nem a vontade de recomeçar.
Não
escrevo este post para desanimar ninguém. Nem para dizer que o amor não
existe. Sim, o amor existe e deve valer muito a pena. Conheço gente que
se ama, que se respeita, que se quer bem. Gente que não mede esforços
para construir uma vida significativa com o ser amado, apesar das
dificuldades e problemas do dia a dia. Nunca fui amada, mas eu senti
muito amor. Escrevo para aqueles que como eu estão desconstruídos. Para
saberem que não estão sozinhos. Para saberem que não há vergonha alguma
em perder o chão, o projeto de vida , o sentido para viver. Não há
vergonha em amar demais e acreditar na bondade humana. O mal não está em
nós. Mas por alguma razão somos nós os escolhidos para viver os efeitos
dele. Por que é assim? Não sei. Talvez possa descobrir no meu processo
de reconstrução.
Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook
1)
A autora afirma, no primeiro parágrafo, que "até ontem escrevia posts
motivadores, ressaltando o otimismo, a vida, o amor." O que podemos
deduzir, a partir desta frase e o título do texto?
2) Sobre o texto, é correto afirmar:
I - O amor e a felicidade independem de idade, para acontecer.
II - Os novos romances não costumam sobreviver aos traumas e mágoas deixadas pelos amores passados.
III - O que nos desconstrói, segundo a autora, é o fim dos relacionamentos.
IV - A autora afirma nunca ter sido amada.
V - Os romances frustrados da autora a inspiraram a escrever livros e a pintar quadros.
a) I, II e III estão incorretas.
b) II e III estão incorretas.
c) III e IV estão corretas.
d) IV e V estão incorretas.
e) Todas estão corretas.
3) Que motivações a autora descobriu com o término de seus romances?
4) É possível deduzir que o texto é sobre a vida amorosa da autora? Em caso positivo, comprove com um trecho do texto.
5) Que tipo de características a autora atribui às mulheres intelectuais?
6) Em relação à linguagem do texto, analise as afirmações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.
I - "Dando o meu melhor, me adaptando aos outros, às necessidades alheias." (2º parágrafo) - os termos destacados são sinônimos.
II - "E sobre os escombros de amores passados, amores abortados,
construí minha fortaleza cheia de certezas e coração renovado." (4º
parágrafo) - nesta frase, os termos destacados se referem,
respectivamente, ao que restou de amores passados e aos amores que
fracassaram.
III - "Quem eu considerei o meu anjo vingador que compensaria todas as mazelas
sofridas por homens imaturos e egoístas [...]" (6º parágrafo) - os
termos destacados são sinônimos de "equilibrar" e " desgostos",
respectivamente.
IV - "[...] uma frase que me marcou muito no filme Grandes esperanças, adaptado do romance homônimo de Charles Dickens." (7º parágrafo) - é correto afirmar que o nome do romance de Charles Dickens é "Grandes Esperanças".
V - "[...] jogar fora sem piedade e hesitação o que foi construído por 2 anos com cuidado e carinho?" (8º parágrafo) - o termo destacado é sinônimo de "triunfo", "sucesso".
a) I, II e III estão incorretas.
b) Apenas a V está incorreta.
c) III e V estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Nenhuma está correta.
7) No primeiro período do texto, foi omitido um pronome. Que pronome é esse e como ele se classifica?
8) Observe a frase: "O que eles queriam." (3º parágrafo). O pronome destacado refere-se a qual termo mencionado anteriormente?
9) Na frase: "Sempre sem sucesso saía de suas vidas vazia e humilhada." O pronome possessivo destacado atribui o que a quem?
10) Nas frases abaixo, indique a que termos os pronomes relativos destacados se referem:
a) "Quem
eu considerei o meu anjo vingador que compensaria todas as mazelas
sofridas por homens imaturos e egoístas era talvez o mais imaturo de
todos." (6º parágrafo).
b) "Hoje tenho quase 37 anos e me lembro de uma frase que me marcou muito no filme Grandes esperanças,[...]" (7º parágrafo).
c) "Uma mulher de quase 37 anos em um país onde a juventude é bem importante para começar um novo amor em bases tradicionais?" (8º parágrafo).
d) "Hoje
busco em mim algum detonador que tenha restado em algum refúgio escuro.
Na juventude, reencontrava-me na literatura, no teatro, na insolência
dos 20 anos." (10º parágrafo).
e) "Me afastar do mundo que me cerca e que era anteriormente familiar." (12º parágrafo).
11) Na frase "[...] eu o redescobri acidentalmente." (4º parágrafo), o pronome pessoal oblíquo destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
12) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "Perdi meu ar irônico [...]" (4º parágrafo).
b) "[...] pode em uma semana desconstruir todo o amor;" (8º parágrafo)
c) "[...] a juventude é bem importante para começar um novo amor [...]" (8º parágrafo)
d) "[...] de tudo que mais amava e prezava para viver um amor." (10º parágrafo)
e) "Depois de outro romance significativo, comecei a pintar quadros." (11º parágrafo)
13)
Reescreva as frases abaixo, substituindo os pronomes pessoais oblíquos
destacados, pelos seus equivalentes, empregando a pessoa solicitada
entre parênteses. Faça as alterações necessárias.
a) "Nunca me importei com o tamanho da conta bancária do ser amado [...] (2º parágrafo) (1ª pessoa do plural).
b) "O que nos desconstrói não é o fim em si." (9º parágrafo) (2ª pessoa do singular).
c) "Mas justamente quando me sinto mais feliz e plena,[...]" (3ª pessoa do singular).
14)
Identifique e classifique os adjuntos adverbiais presentes no primeiro
parágrafo do texto. Destaque as frases em que eles aparecem.
15) O termo destacado no período "Falava sobre o amor com certo encantamento, pois esperei por ele durante toda a minha vida sem sucesso." (2º parágrafo) estabelece entre as orações uma relação de:
a) Finalidade
b) Explicação
c) Consequência
d) Alternância
e) Adição
16) O termo destacado no período "Gera um incômodo, mas a vida continua firme e forte." (9º parágrafo) estabelece entre as orações uma relação de:
a) Contradição
b) Explicação
c) Consequência
d) Alternância
e) Adição
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