"Negrinha" (Monteiro Lobato) / "Nós não somos todos Maju"(FilipeRangel) / "Eu não sou Maju" (Mônica Raouf El Bayeh - 1º ano
Elemento motivador:
Iniciar a aula com a música “Imagine” (Paulo Ricardo) – versão de “Imagine” (John Lennon)
http://www.youtube.com/watch?v=yqKtB5788tM
Após a música, sondar os alunos a respeito do que eles imaginam que será o tema abordado na aula.
Em seguida, mostrar o vídeo “Experimento revela que o Racismo é mais forte...”
http://www.youtube.com/watch?v=Sq4z2Vq2K1w
Após o vídeo, debater um pouco sobre as impressões dos alunos acerca do mesmo.
I - Leitura e descoberta - Conto
Entrega do conto “Negrinha” (Monteiro Lobato), com suas respectivas questões interpretativas e gramaticais e algumas informações sobre o autor do conto.
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato, natural de Taubaté (SP), nasceu em 18/04/1882. É uma das figuras excepcionais das letras brasileiras. Jornalista, contista, criador de deliciosas histórias para crianças, suscitador de problemas, ensaísta e homem de ação, encheu com seu nome um largo período da vida nacional. Com a publicação do livro de contos "Urupês", em julho de 1918, quando já contava com 36 anos de idade, chama para o seu talento de escritor a atenção de todo o país. Cita-o Ruy Barbosa, em discurso, encontrando no seu Jeca Tatu um símbolo da realidade rural brasileira. Lança-se à indústria editorial, publica livros e mais livros — "Onda Verde", "Idéias de Jeca Tatu", "Cidades Mortas", "Negrinha", "Fábulas", "O Choque", etc. Fracassa como editor, ao lançar a firma Monteiro Lobato & Cia., mas volta com a Companhia Editora Nacional, ao lado de Octales Marcondes, e triunfa. Tenta a exploração de petróleo, e acaba na cadeia, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Não só escreve, como traduz sem pausa, dezenas e dezenas de livros, especialmente de Kipling. Uma vida cheia. E uma grande obra, que lhe preservará o nome glorioso. Foi um grande homem, um grande brasileiro e um dos maiores escritores — em todo o mundo — de histórias para crianças. Basta dizer que, no período de 1925 a 1950 foram vendidos aproximadamente um milhão e quinhentos mil exemplares de seus livros. Era, de fato, um ser plural: escritor precursor do realismo fantástico, escritor de cartas, escritor de obras infantis, ensaísta, crítico de arte e literatura, pintor, jornalista, empresário, fazendeiro, advogado, sociólogo, tradutor, diplomata, etc. Faleceu na cidade de São Paulo (SP), no dia 04 de julho de 1948.
NEGRINHA (Monteiro Lobato)
http://www.youtube.com/watch?v=yqKtB5788tM
Após a música, sondar os alunos a respeito do que eles imaginam que será o tema abordado na aula.
Em seguida, mostrar o vídeo “Experimento revela que o Racismo é mais forte...”
http://www.youtube.com/watch?v=Sq4z2Vq2K1w
Após o vídeo, debater um pouco sobre as impressões dos alunos acerca do mesmo.
I - Leitura e descoberta - Conto
Entrega do conto “Negrinha” (Monteiro Lobato), com suas respectivas questões interpretativas e gramaticais e algumas informações sobre o autor do conto.
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato, natural de Taubaté (SP), nasceu em 18/04/1882. É uma das figuras excepcionais das letras brasileiras. Jornalista, contista, criador de deliciosas histórias para crianças, suscitador de problemas, ensaísta e homem de ação, encheu com seu nome um largo período da vida nacional. Com a publicação do livro de contos "Urupês", em julho de 1918, quando já contava com 36 anos de idade, chama para o seu talento de escritor a atenção de todo o país. Cita-o Ruy Barbosa, em discurso, encontrando no seu Jeca Tatu um símbolo da realidade rural brasileira. Lança-se à indústria editorial, publica livros e mais livros — "Onda Verde", "Idéias de Jeca Tatu", "Cidades Mortas", "Negrinha", "Fábulas", "O Choque", etc. Fracassa como editor, ao lançar a firma Monteiro Lobato & Cia., mas volta com a Companhia Editora Nacional, ao lado de Octales Marcondes, e triunfa. Tenta a exploração de petróleo, e acaba na cadeia, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Não só escreve, como traduz sem pausa, dezenas e dezenas de livros, especialmente de Kipling. Uma vida cheia. E uma grande obra, que lhe preservará o nome glorioso. Foi um grande homem, um grande brasileiro e um dos maiores escritores — em todo o mundo — de histórias para crianças. Basta dizer que, no período de 1925 a 1950 foram vendidos aproximadamente um milhão e quinhentos mil exemplares de seus livros. Era, de fato, um ser plural: escritor precursor do realismo fantástico, escritor de cartas, escritor de obras infantis, ensaísta, crítico de arte e literatura, pintor, jornalista, empresário, fazendeiro, advogado, sociólogo, tradutor, diplomata, etc. Faleceu na cidade de São Paulo (SP), no dia 04 de julho de 1948.
NEGRINHA (Monteiro Lobato)
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera
na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos
cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente
senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as
banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava,
recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo.
Uma virtuosa senhora em suma - "dona de grandes virtudes apostólicas,
esteio da religião e da moral", dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas
não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por
isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na
cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
- Quem é a peste que está chorando aí?
Quem
havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da
criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os
fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
- Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim
cresceu Negrinha - magra, atrofiada, com os olhos eternamente
assustados. órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono,
levada a pontapés, Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe
sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra
provocava ora risadas, ora: castigos. Aprendeu a andar, mas quase não
andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando
as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da
porta.
- Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
- Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava
os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E
o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas - um cuco tão
engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as
horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por
dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer croché, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que
idéia faria de, si essa criança que nunca ouvira uma palavra de
carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca,
pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha,
coisa-ruim, lixo não tinha conta o número de apelidos com que a
mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na
berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim -
por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da
lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida - nem esse de
personalizar a peste...
O
corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam
nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua
pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração
que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um
cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De
passagem. Coisa de rir e ver a careta...
A
excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha
da escravidão, fora senhora de escravos e daquelas ferozes, amigas de
ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a
policia! "Qualquer coisinha": uma mucama assada ao forno porque se
engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a
sinhá!” ...
O
13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a
gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis.
Inocente derivativo:
- Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha
de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade.
Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do
paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom!
bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos
beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo,
equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos,
pontapés e safanões a uma - divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível,
cortante: para "doer fino" nada melhor!
Era
pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um
castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom
tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente.
Não
sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha coisa de rir -
um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não
sofreou a revolta - atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos
os dias.
- "Peste?" Espere aí! Você vai ver quem é peste - e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se.
- Eu curo ela!. - disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias.
- Traga um ovo.
Veio
o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta,
gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera.
Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um
canto aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou
a ponto, a boa senhora chamou:
- Venha cá!
Negrinha aproximou-se.
- Abra a boca!
Negrinha
abriu a boca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma
colher, tirou da água "pulando" o ovo e zás! na boca da pequena. E antes
que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo
arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só.
Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
- Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste?
E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava.
-
Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela
pobre órfã, filha da Cesária - mas que trabalheira me dá!
- A caridade é a mais bela das virtudes cristãs, minha senhora murmurou o padre.
- Sim, mas cansa...
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente.
- Inda é o que vale...
Certo
dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas,
pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de
plumas.
Do
seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como
dois anjos do céu - alegres, pulando e rindo com a vivacidade de
cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa
de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum
castigo tremendo.
Mas
abriu a boca: a sinhá ría-se também... Quê? Pois não era crime brincar?
Estaria tudo mudado - e findo o seu inferno - e aberto o céu? No enlevo
da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil,
fascinada pela alegria dos anjos.
Mas
a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no
umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: "já para o seu
lugar, pestinha! Não se enxerga?"
Com
lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral
sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos - a triste
criança encorujou-se no cantinho de sempre.
- Quem é, titia? - perguntou uma das meninas, curiosa.
-
Quem há de ser? - disse a tia, num suspiro de vítima. - Uma caridade
minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfa.
Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora.
-
Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! - refletiu com suas
lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em
imaginação com o cuco.
Chegaram as malas e logo:
- Meus brinquedos! - reclamam as duas meninas.
Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos.
Que
maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca
imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo?
Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava "mamã"... que
dormia...
Era
de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia
o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
- É feita?... - perguntou, extasiada.
E
dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a
providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o
beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça.
Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo.
- Nunca viu boneca?
- Boneca? - repetiu Negrinha. - Chama-se Boneca?
Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
- Como é boba - disseram. - E você como se chama?
- Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca:
- Pegue!
Negrinha
olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que
ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem
jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as
meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si,
literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e
um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o
seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia
entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena.
Mas
era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e
tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro
coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher.
Apiedou-se.
Ao
percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance
pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores.
E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou
tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo -
estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
- Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?
Negrinha
ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não
viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu.
Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma - na princesinha e na mendiga.
E
para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos
divinos à vida da mulher: o momento da boneca - preparatório -, e o
momento dos filhos - definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha,
coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina
eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que
desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à
altura de ente humano. Cessara de ser coisa - e doravante ser-lhe-ia
impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se
vibrava!
Assim foi - e essa consciência a matou.
Terminadas
as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa
voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se
outra, inteiramente transformada.
Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha,
não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a
expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos,
cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, enverienara-a.
Brincara
ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda
boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para
dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu
na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais,
entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de
bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e, anjos
remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por
aquelas mãozinhas de louça - abraçada, rodopiada.
Veio
a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida,
confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última
vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira - uma miséria, trinta quilos mal pesados ...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas.
- "Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?"
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
- "Como era boa para um cocre!...”
Atividades sobre o texto
Atividades sobre o texto
1)
Todos nós sabemos que o nosso nome é o que nos identifica. A partir
dele somos gente, somos conhecidos, enfim, temos uma identidade. Por que
você acha que a menina não tem nome na história? E por que o apelido
está no diminutivo?
2)
Existem palavras desconhecidas no texto e, para entendê-lo, precisamos
compreendê-las! Pesquise o significado das palavras abaixo e complete o
quadro:
3) Aponte algumas características que o narrador atribui à personagem principal – Negrinha – e à patroa – Inácia.
3) Aponte algumas características que o narrador atribui à personagem principal – Negrinha – e à patroa – Inácia.
4)
Explique o que o narrador quis dizer na seguinte passagem do texto:
“Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por
isso não suportava o choro da carne alheia.” (4º parágrafo).
5)
Observe o seguinte trecho: “A mãe da criminosa abafava a boquinha da
filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal [...]” (6º
parágrafo). Quem era a criminosa e qual era o crime que estava sendo
cometido?
6)
Em diversas passagens no texto, o narrador usa a ironia para falar de
Dona Inácia. Destaque, no mínimo, dois trechos onde isso fica evidente,
explicando a crítica implícita.
7) Qual foi, na sua opinião, o pior castigo sofrido por Negrinha? Justifique:
8) Qual foi o fato que mudou a vida de Negrinha?
9) A que são comparadas as sobrinhas de Dona Inácia no texto? Por que você acha que é feita essa comparação?
10) O que Negrinha achava que fosse crime e qual foi o fato que mudou essa percepção?
11) Explique, com as suas palavras, a frase: “Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma [...]” (70º parágrafo).
12) O que matou Negrinha? Por que, na sua opinião, isso a matou?
13) Observe a frase: "Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos, vivia-os pelos cantos [...]" (2º parágrafo). O pronome destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
14) Na frase: "Punha-lhe os nervos em carne viva." (4º parágrafo), o pronome destacado refere-se a quem?
15) No sexto parágrafo, que termo foi utilizado para introduzir uma pergunta, na primeira frase? Como é classificado esse termo?
16) Indique a quem se referem os pronomes destacados no trecho: "A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero." (6º parágrafo).
17) Indique a que termo se referem os pronomes relativos destacados nas frases abaixo.
a) "Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho?"
b) "[...] a mesma atração que o imã exerce para o aço."
c) "Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria [...]"
d) "[...] surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si [...]"
18) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "[...] e foi contar o caso à patroa [...]"
b) "[...] e matas as saudades do bom tempo."
c) "[...] e fechou os olhos."
Produção textual
Imagine um outro final para o conto. Pense em como poderia ter sido a vida de Negrinha se aquela felicidade que ela sentiu durante aquelas férias, continuasse. Use a imaginação e mãos à obra!
Terminadas as férias, partiram as meninas ...
13) Observe a frase: "Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos, vivia-os pelos cantos [...]" (2º parágrafo). O pronome destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
14) Na frase: "Punha-lhe os nervos em carne viva." (4º parágrafo), o pronome destacado refere-se a quem?
15) No sexto parágrafo, que termo foi utilizado para introduzir uma pergunta, na primeira frase? Como é classificado esse termo?
16) Indique a quem se referem os pronomes destacados no trecho: "A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero." (6º parágrafo).
17) Indique a que termo se referem os pronomes relativos destacados nas frases abaixo.
a) "Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho?"
b) "[...] a mesma atração que o imã exerce para o aço."
c) "Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria [...]"
d) "[...] surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si [...]"
18) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "[...] e foi contar o caso à patroa [...]"
b) "[...] e matas as saudades do bom tempo."
c) "[...] e fechou os olhos."
Produção textual
Imagine um outro final para o conto. Pense em como poderia ter sido a vida de Negrinha se aquela felicidade que ela sentiu durante aquelas férias, continuasse. Use a imaginação e mãos à obra!
Terminadas as férias, partiram as meninas ...
II – Leitura e descoberta – Artigo de opinião / Charge / Notícia
Texto 1*
Nós não somos todos Maju
Filipe Rangel
Cada vez mais os últimos meses têm nos mostrado como as redes sociais são capazes de viralizar ideias com uma velocidade estonteante, sejam elas verdade ou mentira, positiva ou negativa, contra ou a favor de alguma causa.
Texto 1*
Nós não somos todos Maju
Filipe Rangel
Cada vez mais os últimos meses têm nos mostrado como as redes sociais são capazes de viralizar ideias com uma velocidade estonteante, sejam elas verdade ou mentira, positiva ou negativa, contra ou a favor de alguma causa.
A
coisa está tão disparada que cada semana é um assunto novo. O da vez é o
caso da jornalista Maria Júlia Coutinho, que apresenta a previsão do
tempo no Jornal Nacional e foi alvo de comentários racistas na fan page
do jornal no Facebook. Algumas atrocidades como ‘não tomo nem café para
não ter intimidade com preto’ e ‘preta imunda e macaca, só está na TV
por cotas’ foram direcionadas a ‘Maju’. As ofensas geraram revolta e uma
campanha em apoio e resposta: ‘somos todos Maju’. O caso da jornalista vale a reflexão: será que somos todos Maju?
É
interessante fazer esse recorte: alguns dos comentários que defendiam a
jornalista traziam argumentos como: ‘por que fazer isso com ela? ela é
linda’, ou ‘uma mulher estudada, com ensino superior’. Pouco interessa
se ela é bonita ou feia, gorda ou magra, analfabeta ou tem doutorado em
clima tropical em Harvard; ela é uma pessoa e qualquer pessoa tem sua
dignidade atacada quando exposta a esse tipo de preconceito. Ou seja, só
somos Maju quando ela é bonitinha, letrada, importante, prestigiada.
Outro
ponto: muita gente que de uma hora para outra virou Maju, fora do furor
das redes sociais, defende que no Brasil não existe racismo, e o que
existe é uma vontade de dividir o país entre brancos e pretos, ricos e
pobres, héteros e gays, etc. Essa gente tem que se decidir: existe ou
não racismo no Brasil?
A
pergunta é retórica. Claro que existe – e muito. E, por isso, a Maju
merece toda a solidariedade do mundo. Mas um negro não deveria ser
bonito, bem-sucedido e global para receber empatia quando é vítima de
ataques covardes e nojentos. Todos os negros deveriam receber o mesmo
tratamento. E todos nós sabemos que isso está longe, muito longe de
acontecer.
E
não vai acontecer enquanto as pessoas atravessarem a rua, à noite, toda
vez que avistarem um negro com aparência de pobre. Ou enquanto
continuarem a chamar os outros de macacos, mesmo que por brincadeira.
Racismo não é brincadeira sob hipótese nenhuma.
O
racismo vai continuar enquanto as expressões ‘coisa de preto’ [...]
forem encaradas como coisas saudáveis e cotidianas. E enquanto a piada
que chama o amiguinho negro da escola de ‘escravo’ prevalecer.
O
racismo vai reinar soberano enquanto cota racial for considerada
‘privilégio’, e toda vez que a frase ‘ela é uma negra bonita’, que
equivale a algo como ‘ela é bonita, apesar de negra’ for dita.
Todos
os prejuízos do racismo vão continuar a martelar a sociedade enquanto
ele for negado. Enquanto as pessoas afirmarem que não deve haver, por
exemplo, o Dia da Consciência Negra, e sim o Dia da Consciência Humana –
como se essa andasse bem das pernas.
Ser
Maju deveria ser empático com todos os negros que são discriminados nos
mais diversos níveis – desde a falta de acesso a direitos básicos até o
encarceramento, que pelo visto vai ser mais cedo agora. E aí, havemos
de concordar, nós não somos todos Maju.
1) O artigo de opinião é um gênero textual no qual o autor expõe sua opinião diante de algum acontecimento ou fato. É correto afirmar que o texto acima é um artigo de opinião? Comprove com um trecho do texto.
1) O artigo de opinião é um gênero textual no qual o autor expõe sua opinião diante de algum acontecimento ou fato. É correto afirmar que o texto acima é um artigo de opinião? Comprove com um trecho do texto.
2) Qual é a opinião defendida pelo autor do texto?
3) De que forma a charge dialoga com o texto? Qual é a crítica que está implícita?
4)
Há comentários contra o racismo que acabam demonstrando, indiretamente,
um certo preconceito velado, que é uma certa contradição. Transcreva,
do texto, o trecho que exemplifica isso, posicionando-se acerca destas
constatações.
5) Responda a pergunta feita pelo autor, no 4º parágrafo do texto, justificando.
6) O autor dá a sua opinião no que diz respeito à “consciência humana”. Transcreva essa passagem, concordando ou não com ela.
7)
Você acredita que o Dia da Consciência Negra, de certa forma, ameniza
o preconceito? E as cotas? Reforçam ou amenizam esse problema?
Comente:
8)
O link ‘somos todos Maju’ direciona o leitor para um outro gênero
textual acerca do mesmo tema. Que gênero é esse? Quais as semelhanças e
diferenças entre esse gênero e o texto lido, exemplo de artigo de
opinião?
Texto 2*
Eu não sou Maju
Mônica Raorifn El Bayeh
Eu não sou Maju. É isso mesmo que você está lendo. Gosto muito da apresentadora do tempo do Jornal Nacional, na rede Globo. Maju é charmosa, carismática, desenvolveu um estilo próprio. E, ao contrário de alguns apresentadores que, vira e mexe, aparecem com umas roupas esquisitas, Maju é linda, inteligente e impecável sempre.
Eu não sou Maju
Mônica Raorifn El Bayeh
Eu não sou Maju. É isso mesmo que você está lendo. Gosto muito da apresentadora do tempo do Jornal Nacional, na rede Globo. Maju é charmosa, carismática, desenvolveu um estilo próprio. E, ao contrário de alguns apresentadores que, vira e mexe, aparecem com umas roupas esquisitas, Maju é linda, inteligente e impecável sempre.
Maju
é caprichada. Deu um toque de diferença. Conquistou seu lugar.
Incomodou? Incomodou como todos os que têm brilho próprio. Como só os
que sabem abrir seus caminhos podem fazer.
O
que incomodou não foi Maju ser negra. Foi ser boa, brilhante no que
faz. Maju poderia ser branca, amarela, verde. Incomodaria de qualquer
forma. Porque ela é ótima. Pessoas foscas são velas sem pavio. Na falta
de chama própria, sopram para apagar a dos outros. O brilho de quem faz
sucesso queima os fracassados como cruz para vampiros.
Maju
merece o carinho e as defesas que recebeu. É fácil dizer que é Maju e
defender a apresentadora. Difícil é defender os negros pobres. Os que,
sem casa, vivem pelas ruas.
Os que, sem estudo, perambulam a esmo. Os que, sem saúde, morrem anônimos nas macas públicas.
Não
sou Maju. Não enquanto bandido branco riquinho for tratado de “jovem” e
“criança” e criança negra pobre for chamada de bandido e marginal.
Não
sou Maju. Porque negamos aos nossos pobres meninos o direito à saúde,
moradia e educação de qualidade. Negamos vez, negamos voz. Depois
gritamos pela diminuição da maioridade penal deles. Importante deixar
claro: só a deles.
Ninguém
grita a favor da maioridade penal pensando em filhos mimados de classe
alta que queimam índios na rua. Queremos que prendam os pobres, para que
a gente possa usar o cordão de ouro em paz. Andar sem medo a qualquer
hora por aí.
Pedimos
a diminuição da maioridade penal como quem coloca grades na casa. Só
mais uma proteção. Não vemos que nossos meninos são o retrato cru e nu
da injusta realidade social que beneficia quem tudo tem e abandona os
desvalidos.
Eles
são o sintoma da sociedade cruel onde vivemos. Vivemos, votamos e nos
vendamos. Somos surdos e cegos para as misérias dos que não são
atendidos.
Estamos num país onde nossos impostos vão para bolsos ricos. E os pobres são abandonados à própria sorte. Pagamos e caro. Somos extorquidos em nossos salários. Já sabendo da falta de retorno, ainda pagamos escolas e planos de saúde. E quem não pode?
Estamos num país onde nossos impostos vão para bolsos ricos. E os pobres são abandonados à própria sorte. Pagamos e caro. Somos extorquidos em nossos salários. Já sabendo da falta de retorno, ainda pagamos escolas e planos de saúde. E quem não pode?
E quem não tem de onde tirar?
Não
sou Maju enquanto os professores fizerem greve, e apanharem nas ruas ,
sem que ninguém se levante em seu apoio. Os professores do município do
Rio estão sendo descontados até hoje, um ano depois, pela greve que
fizeram. Quem é #eusouprofessordescontado? Oi? Alguém?
Não
sou Maju enquanto nossos filhos nascerem lindos, fortes, saudáveis e
aos pobres, sem as mesmas condições, forem negados remédios básicos,
exames e um olhar de dignidade.
Maju merece respeito, claro. O preconceito contra Maju é nojento. Precisa ser investigado e punido. Nem tenho dúvida de que serão. Se perderam na pequenez de alma que emburrece as mentes. Mergulhados no azedume que limita horizontes. Só aguardar. Não demora, já vamos saber quem foi.
Maju merece respeito, claro. O preconceito contra Maju é nojento. Precisa ser investigado e punido. Nem tenho dúvida de que serão. Se perderam na pequenez de alma que emburrece as mentes. Mergulhados no azedume que limita horizontes. Só aguardar. Não demora, já vamos saber quem foi.
Mas
não podemos perder de vista que o que aconteceu com Maju é só a ponta
de um iceberg podre que fecha os olhos para o que não se quer ver. Mesmo
iceberg que maltrata, discrimina e escolhe como réu as mesmas e pobres
vítimas que faz.
Dou
aula para crianças pobres. Enxergo nelas muitas Majus em potencial:
lindas, criativas, inteligentes, falantes. Quantas sobreviverão à falta
de saúde? Às balas perdidas? À violência de todo lado? Quantas terão a
chance de um futuro minimamente digno com nossa educação cada vez mais
sucateada?
É fácil dizer que somos uma Maju que é linda, bem sucedida. E cheirosa! Sim Maju tem jeito de quem é cheirosa.
Difícil
é ser pobre, feio, mal vestido, fedorento, cheio de remela, sem
remédio, sem aula, sem merenda, sem casa, sem família. E ameaçado de ser
punido aos dezesseis pelo que não recebeu a vida inteira.
Em
linguagem meteorológica, eu diria que a previsão para o amanhã desses
meninos é de tempo fechado. Com direito a Raios e tempestades de raivas e
ressentimentos para todo lado. Não há porque se espantar. Quem planta
ventos, colhe mesmo tempestades.
Vocês
todos que são Maju, sejam também Maria, Ana, Jessica, Wesley, Samantha,
Jenifer, Jefferson, Kettlen, Uoston. Sejam todos os meninos sem rosto e
sem nome que a gente finge não ver.
Quem
sabe dessa forma, o tempo ameniza para o lado deles. As nuvens se
dissipem. E eles também consigam, um dia, chegar a ser Maju. Essa é uma
cena que eu aplaudiria de pé.
9) O que a frase “É isso mesmo que você está lendo” transmite? Qual o provável objetivo da autora ao usá-la?
9) O que a frase “É isso mesmo que você está lendo” transmite? Qual o provável objetivo da autora ao usá-la?
10) Você concorda com a autora de que o fato de Maju ser negra não foi o que incomodou? Comente:
11) Explique a sonora passagem “Negamos vez, negamos voz”, situada no sexto parágrafo:
12)
A autora revela, assim como o autor do texto 01, sua opinião sobre a
redução da maioridade penal. Copie a passagem em que isso ocorre:
13)
Por que a autora, no finalzinho do texto, cita uma série de nomes
próprios? Qual o objetivo dela ao recorrer a essa citação?
14) Que mensagem o texto lhe transmitiu?
15) O que os dois textos têm em comum? Comente:
16) Ambos os textos mencionam a função ocupada pela Maju. Copie uma passagem de cada texto que comprove isso:
17) O que a charge que acompanha o texto 02 revela? Isso é comum de acontecer?
18) Você se considera uma pessoa racista? Justifique sua resposta:
19)
O que as tirinhas a seguir denunciam? Você acha que existem muitas
Susanitas espalhadas por aí? Ou a atitude dela foi caricatural,
exagerada?
19) A tirinha abaixo traz implícita uma crítica a qual comportamento social, bastante em voga na atualidade?
O que ela tem em comum com o conto “Negrinha”?
19) A tirinha abaixo traz implícita uma crítica a qual comportamento social, bastante em voga na atualidade?
O que ela tem em comum com o conto “Negrinha”?
20) A crítica implícita na tirinha abaixo, é a mesma das tirinhas anteriores? Você acha que isso acontece na nossa sociedades? Posicione-se a respeito.
Atividades de produção textual
Refletir sobre os texto lidos e produzir:
Um texto narrativo, inspirado no conto “Negrinha”, trazendo para a atualidade as ações vivenciadas por uma “Negrinha” ou um “negrinho”, vítima de preconceito (ou não), contando como os negros vivem e lidam com o preconceito no século XXI.
Ou
Um artigo de opinião, refletindo sobre o tema abordado em todos os textos
Atividade em grupo
Produzir:
Um painel que divulgue a importância da valorização da diversidade étnico-cultural, do respeito às diferenças.
Ou
Uma charge abordando a temática trabalhada.
Ou
Uma tirinha abordado a temática trabalhada.
"Negrinha" (Monteiro Lobato) / "Nós não somos todos Maju"(FilipeRangel) / "Eu não sou Maju" (Mônica Raouf El Bayeh - 1º ano
Elemento motivador:
Iniciar a aula com a música “Imagine” (Paulo Ricardo) – versão de “Imagine” (John Lennon)
http://www.youtube.com/watch?v=yqKtB5788tM
Após a música, sondar os alunos a respeito do que eles imaginam que será o tema abordado na aula.
Em seguida, mostrar o vídeo “Experimento revela que o Racismo é mais forte...”
http://www.youtube.com/watch?v=Sq4z2Vq2K1w
Após o vídeo, debater um pouco sobre as impressões dos alunos acerca do mesmo.
I - Leitura e descoberta - Conto
Entrega do conto “Negrinha” (Monteiro Lobato), com suas respectivas questões interpretativas e gramaticais e algumas informações sobre o autor do conto.
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato, natural de Taubaté (SP), nasceu em 18/04/1882. É uma das figuras excepcionais das letras brasileiras. Jornalista, contista, criador de deliciosas histórias para crianças, suscitador de problemas, ensaísta e homem de ação, encheu com seu nome um largo período da vida nacional. Com a publicação do livro de contos "Urupês", em julho de 1918, quando já contava com 36 anos de idade, chama para o seu talento de escritor a atenção de todo o país. Cita-o Ruy Barbosa, em discurso, encontrando no seu Jeca Tatu um símbolo da realidade rural brasileira. Lança-se à indústria editorial, publica livros e mais livros — "Onda Verde", "Idéias de Jeca Tatu", "Cidades Mortas", "Negrinha", "Fábulas", "O Choque", etc. Fracassa como editor, ao lançar a firma Monteiro Lobato & Cia., mas volta com a Companhia Editora Nacional, ao lado de Octales Marcondes, e triunfa. Tenta a exploração de petróleo, e acaba na cadeia, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Não só escreve, como traduz sem pausa, dezenas e dezenas de livros, especialmente de Kipling. Uma vida cheia. E uma grande obra, que lhe preservará o nome glorioso. Foi um grande homem, um grande brasileiro e um dos maiores escritores — em todo o mundo — de histórias para crianças. Basta dizer que, no período de 1925 a 1950 foram vendidos aproximadamente um milhão e quinhentos mil exemplares de seus livros. Era, de fato, um ser plural: escritor precursor do realismo fantástico, escritor de cartas, escritor de obras infantis, ensaísta, crítico de arte e literatura, pintor, jornalista, empresário, fazendeiro, advogado, sociólogo, tradutor, diplomata, etc. Faleceu na cidade de São Paulo (SP), no dia 04 de julho de 1948.
NEGRINHA (Monteiro Lobato)
http://www.youtube.com/watch?v=yqKtB5788tM
Após a música, sondar os alunos a respeito do que eles imaginam que será o tema abordado na aula.
Em seguida, mostrar o vídeo “Experimento revela que o Racismo é mais forte...”
http://www.youtube.com/watch?v=Sq4z2Vq2K1w
Após o vídeo, debater um pouco sobre as impressões dos alunos acerca do mesmo.
I - Leitura e descoberta - Conto
Entrega do conto “Negrinha” (Monteiro Lobato), com suas respectivas questões interpretativas e gramaticais e algumas informações sobre o autor do conto.
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato, natural de Taubaté (SP), nasceu em 18/04/1882. É uma das figuras excepcionais das letras brasileiras. Jornalista, contista, criador de deliciosas histórias para crianças, suscitador de problemas, ensaísta e homem de ação, encheu com seu nome um largo período da vida nacional. Com a publicação do livro de contos "Urupês", em julho de 1918, quando já contava com 36 anos de idade, chama para o seu talento de escritor a atenção de todo o país. Cita-o Ruy Barbosa, em discurso, encontrando no seu Jeca Tatu um símbolo da realidade rural brasileira. Lança-se à indústria editorial, publica livros e mais livros — "Onda Verde", "Idéias de Jeca Tatu", "Cidades Mortas", "Negrinha", "Fábulas", "O Choque", etc. Fracassa como editor, ao lançar a firma Monteiro Lobato & Cia., mas volta com a Companhia Editora Nacional, ao lado de Octales Marcondes, e triunfa. Tenta a exploração de petróleo, e acaba na cadeia, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Não só escreve, como traduz sem pausa, dezenas e dezenas de livros, especialmente de Kipling. Uma vida cheia. E uma grande obra, que lhe preservará o nome glorioso. Foi um grande homem, um grande brasileiro e um dos maiores escritores — em todo o mundo — de histórias para crianças. Basta dizer que, no período de 1925 a 1950 foram vendidos aproximadamente um milhão e quinhentos mil exemplares de seus livros. Era, de fato, um ser plural: escritor precursor do realismo fantástico, escritor de cartas, escritor de obras infantis, ensaísta, crítico de arte e literatura, pintor, jornalista, empresário, fazendeiro, advogado, sociólogo, tradutor, diplomata, etc. Faleceu na cidade de São Paulo (SP), no dia 04 de julho de 1948.
NEGRINHA (Monteiro Lobato)
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera
na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos
cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente
senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as
banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava,
recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo.
Uma virtuosa senhora em suma - "dona de grandes virtudes apostólicas,
esteio da religião e da moral", dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas
não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por
isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na
cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
- Quem é a peste que está chorando aí?
Quem
havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da
criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os
fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
- Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim
cresceu Negrinha - magra, atrofiada, com os olhos eternamente
assustados. órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono,
levada a pontapés, Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe
sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra
provocava ora risadas, ora: castigos. Aprendeu a andar, mas quase não
andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando
as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da
porta.
- Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
- Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava
os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E
o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas - um cuco tão
engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as
horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por
dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer croché, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que
idéia faria de, si essa criança que nunca ouvira uma palavra de
carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca,
pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha,
coisa-ruim, lixo não tinha conta o número de apelidos com que a
mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na
berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim -
por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da
lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida - nem esse de
personalizar a peste...
O
corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam
nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua
pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração
que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um
cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De
passagem. Coisa de rir e ver a careta...
A
excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha
da escravidão, fora senhora de escravos e daquelas ferozes, amigas de
ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a
policia! "Qualquer coisinha": uma mucama assada ao forno porque se
engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a
sinhá!” ...
O
13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a
gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis.
Inocente derivativo:
- Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha
de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade.
Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do
paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom!
bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos
beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo,
equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos,
pontapés e safanões a uma - divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível,
cortante: para "doer fino" nada melhor!
Era
pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um
castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom
tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente.
Não
sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha coisa de rir -
um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não
sofreou a revolta - atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos
os dias.
- "Peste?" Espere aí! Você vai ver quem é peste - e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se.
- Eu curo ela!. - disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias.
- Traga um ovo.
Veio
o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta,
gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera.
Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um
canto aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou
a ponto, a boa senhora chamou:
- Venha cá!
Negrinha aproximou-se.
- Abra a boca!
Negrinha
abriu a boca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma
colher, tirou da água "pulando" o ovo e zás! na boca da pequena. E antes
que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo
arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só.
Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
- Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste?
E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava.
-
Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela
pobre órfã, filha da Cesária - mas que trabalheira me dá!
- A caridade é a mais bela das virtudes cristãs, minha senhora murmurou o padre.
- Sim, mas cansa...
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente.
- Inda é o que vale...
Certo
dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas,
pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de
plumas.
Do
seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como
dois anjos do céu - alegres, pulando e rindo com a vivacidade de
cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa
de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum
castigo tremendo.
Mas
abriu a boca: a sinhá ría-se também... Quê? Pois não era crime brincar?
Estaria tudo mudado - e findo o seu inferno - e aberto o céu? No enlevo
da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil,
fascinada pela alegria dos anjos.
Mas
a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no
umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: "já para o seu
lugar, pestinha! Não se enxerga?"
Com
lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral
sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos - a triste
criança encorujou-se no cantinho de sempre.
- Quem é, titia? - perguntou uma das meninas, curiosa.
-
Quem há de ser? - disse a tia, num suspiro de vítima. - Uma caridade
minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfa.
Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora.
-
Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! - refletiu com suas
lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em
imaginação com o cuco.
Chegaram as malas e logo:
- Meus brinquedos! - reclamam as duas meninas.
Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos.
Que
maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca
imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo?
Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava "mamã"... que
dormia...
Era
de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia
o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
- É feita?... - perguntou, extasiada.
E
dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a
providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o
beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça.
Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo.
- Nunca viu boneca?
- Boneca? - repetiu Negrinha. - Chama-se Boneca?
Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
- Como é boba - disseram. - E você como se chama?
- Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca:
- Pegue!
Negrinha
olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que
ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem
jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as
meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si,
literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e
um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o
seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia
entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena.
Mas
era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e
tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro
coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher.
Apiedou-se.
Ao
percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance
pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores.
E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou
tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo -
estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
- Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?
Negrinha
ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não
viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu.
Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma - na princesinha e na mendiga.
E
para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos
divinos à vida da mulher: o momento da boneca - preparatório -, e o
momento dos filhos - definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha,
coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina
eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que
desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à
altura de ente humano. Cessara de ser coisa - e doravante ser-lhe-ia
impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se
vibrava!
Assim foi - e essa consciência a matou.
Terminadas
as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa
voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se
outra, inteiramente transformada.
Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha,
não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a
expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos,
cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, enverienara-a.
Brincara
ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda
boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para
dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu
na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais,
entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de
bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e, anjos
remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por
aquelas mãozinhas de louça - abraçada, rodopiada.
Veio
a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida,
confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última
vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira - uma miséria, trinta quilos mal pesados ...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas.
- "Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?"
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
- "Como era boa para um cocre!...”
Atividades sobre o texto
Atividades sobre o texto
1)
Todos nós sabemos que o nosso nome é o que nos identifica. A partir
dele somos gente, somos conhecidos, enfim, temos uma identidade. Por que
você acha que a menina não tem nome na história? E por que o apelido
está no diminutivo?
2)
Existem palavras desconhecidas no texto e, para entendê-lo, precisamos
compreendê-las! Pesquise o significado das palavras abaixo e complete o
quadro:
3) Aponte algumas características que o narrador atribui à personagem principal – Negrinha – e à patroa – Inácia.
3) Aponte algumas características que o narrador atribui à personagem principal – Negrinha – e à patroa – Inácia.
4)
Explique o que o narrador quis dizer na seguinte passagem do texto:
“Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por
isso não suportava o choro da carne alheia.” (4º parágrafo).
5)
Observe o seguinte trecho: “A mãe da criminosa abafava a boquinha da
filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal [...]” (6º
parágrafo). Quem era a criminosa e qual era o crime que estava sendo
cometido?
6)
Em diversas passagens no texto, o narrador usa a ironia para falar de
Dona Inácia. Destaque, no mínimo, dois trechos onde isso fica evidente,
explicando a crítica implícita.
7) Qual foi, na sua opinião, o pior castigo sofrido por Negrinha? Justifique:
8) Qual foi o fato que mudou a vida de Negrinha?
9) A que são comparadas as sobrinhas de Dona Inácia no texto? Por que você acha que é feita essa comparação?
10) O que Negrinha achava que fosse crime e qual foi o fato que mudou essa percepção?
11) Explique, com as suas palavras, a frase: “Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma [...]” (70º parágrafo).
12) O que matou Negrinha? Por que, na sua opinião, isso a matou?
13) Observe a frase: "Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos, vivia-os pelos cantos [...]" (2º parágrafo). O pronome destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
14) Na frase: "Punha-lhe os nervos em carne viva." (4º parágrafo), o pronome destacado refere-se a quem?
15) No sexto parágrafo, que termo foi utilizado para introduzir uma pergunta, na primeira frase? Como é classificado esse termo?
16) Indique a quem se referem os pronomes destacados no trecho: "A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero." (6º parágrafo).
17) Indique a que termo se referem os pronomes relativos destacados nas frases abaixo.
a) "Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho?"
b) "[...] a mesma atração que o imã exerce para o aço."
c) "Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria [...]"
d) "[...] surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si [...]"
18) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "[...] e foi contar o caso à patroa [...]"
b) "[...] e matas as saudades do bom tempo."
c) "[...] e fechou os olhos."
Produção textual
Imagine um outro final para o conto. Pense em como poderia ter sido a vida de Negrinha se aquela felicidade que ela sentiu durante aquelas férias, continuasse. Use a imaginação e mãos à obra!
Terminadas as férias, partiram as meninas ...
13) Observe a frase: "Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos, vivia-os pelos cantos [...]" (2º parágrafo). O pronome destacado substitui qual termo mencionado anteriormente?
14) Na frase: "Punha-lhe os nervos em carne viva." (4º parágrafo), o pronome destacado refere-se a quem?
15) No sexto parágrafo, que termo foi utilizado para introduzir uma pergunta, na primeira frase? Como é classificado esse termo?
16) Indique a quem se referem os pronomes destacados no trecho: "A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero." (6º parágrafo).
17) Indique a que termo se referem os pronomes relativos destacados nas frases abaixo.
a) "Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho?"
b) "[...] a mesma atração que o imã exerce para o aço."
c) "Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria [...]"
d) "[...] surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si [...]"
18) Reescreva as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes adequados.
a) "[...] e foi contar o caso à patroa [...]"
b) "[...] e matas as saudades do bom tempo."
c) "[...] e fechou os olhos."
Produção textual
Imagine um outro final para o conto. Pense em como poderia ter sido a vida de Negrinha se aquela felicidade que ela sentiu durante aquelas férias, continuasse. Use a imaginação e mãos à obra!
Terminadas as férias, partiram as meninas ...
II – Leitura e descoberta – Artigo de opinião / Charge / Notícia
Texto 1*
Nós não somos todos Maju
Filipe Rangel
Cada vez mais os últimos meses têm nos mostrado como as redes sociais são capazes de viralizar ideias com uma velocidade estonteante, sejam elas verdade ou mentira, positiva ou negativa, contra ou a favor de alguma causa.
Texto 1*
Nós não somos todos Maju
Filipe Rangel
Cada vez mais os últimos meses têm nos mostrado como as redes sociais são capazes de viralizar ideias com uma velocidade estonteante, sejam elas verdade ou mentira, positiva ou negativa, contra ou a favor de alguma causa.
A
coisa está tão disparada que cada semana é um assunto novo. O da vez é o
caso da jornalista Maria Júlia Coutinho, que apresenta a previsão do
tempo no Jornal Nacional e foi alvo de comentários racistas na fan page
do jornal no Facebook. Algumas atrocidades como ‘não tomo nem café para
não ter intimidade com preto’ e ‘preta imunda e macaca, só está na TV
por cotas’ foram direcionadas a ‘Maju’. As ofensas geraram revolta e uma
campanha em apoio e resposta: ‘somos todos Maju’. O caso da jornalista vale a reflexão: será que somos todos Maju?
É
interessante fazer esse recorte: alguns dos comentários que defendiam a
jornalista traziam argumentos como: ‘por que fazer isso com ela? ela é
linda’, ou ‘uma mulher estudada, com ensino superior’. Pouco interessa
se ela é bonita ou feia, gorda ou magra, analfabeta ou tem doutorado em
clima tropical em Harvard; ela é uma pessoa e qualquer pessoa tem sua
dignidade atacada quando exposta a esse tipo de preconceito. Ou seja, só
somos Maju quando ela é bonitinha, letrada, importante, prestigiada.
Outro
ponto: muita gente que de uma hora para outra virou Maju, fora do furor
das redes sociais, defende que no Brasil não existe racismo, e o que
existe é uma vontade de dividir o país entre brancos e pretos, ricos e
pobres, héteros e gays, etc. Essa gente tem que se decidir: existe ou
não racismo no Brasil?
A
pergunta é retórica. Claro que existe – e muito. E, por isso, a Maju
merece toda a solidariedade do mundo. Mas um negro não deveria ser
bonito, bem-sucedido e global para receber empatia quando é vítima de
ataques covardes e nojentos. Todos os negros deveriam receber o mesmo
tratamento. E todos nós sabemos que isso está longe, muito longe de
acontecer.
E
não vai acontecer enquanto as pessoas atravessarem a rua, à noite, toda
vez que avistarem um negro com aparência de pobre. Ou enquanto
continuarem a chamar os outros de macacos, mesmo que por brincadeira.
Racismo não é brincadeira sob hipótese nenhuma.
O
racismo vai continuar enquanto as expressões ‘coisa de preto’ [...]
forem encaradas como coisas saudáveis e cotidianas. E enquanto a piada
que chama o amiguinho negro da escola de ‘escravo’ prevalecer.
O
racismo vai reinar soberano enquanto cota racial for considerada
‘privilégio’, e toda vez que a frase ‘ela é uma negra bonita’, que
equivale a algo como ‘ela é bonita, apesar de negra’ for dita.
Todos
os prejuízos do racismo vão continuar a martelar a sociedade enquanto
ele for negado. Enquanto as pessoas afirmarem que não deve haver, por
exemplo, o Dia da Consciência Negra, e sim o Dia da Consciência Humana –
como se essa andasse bem das pernas.
Ser
Maju deveria ser empático com todos os negros que são discriminados nos
mais diversos níveis – desde a falta de acesso a direitos básicos até o
encarceramento, que pelo visto vai ser mais cedo agora. E aí, havemos
de concordar, nós não somos todos Maju.
1) O artigo de opinião é um gênero textual no qual o autor expõe sua opinião diante de algum acontecimento ou fato. É correto afirmar que o texto acima é um artigo de opinião? Comprove com um trecho do texto.
1) O artigo de opinião é um gênero textual no qual o autor expõe sua opinião diante de algum acontecimento ou fato. É correto afirmar que o texto acima é um artigo de opinião? Comprove com um trecho do texto.
2) Qual é a opinião defendida pelo autor do texto?
3) De que forma a charge dialoga com o texto? Qual é a crítica que está implícita?
4)
Há comentários contra o racismo que acabam demonstrando, indiretamente,
um certo preconceito velado, que é uma certa contradição. Transcreva,
do texto, o trecho que exemplifica isso, posicionando-se acerca destas
constatações.
5) Responda a pergunta feita pelo autor, no 4º parágrafo do texto, justificando.
6) O autor dá a sua opinião no que diz respeito à “consciência humana”. Transcreva essa passagem, concordando ou não com ela.
7)
Você acredita que o Dia da Consciência Negra, de certa forma, ameniza
o preconceito? E as cotas? Reforçam ou amenizam esse problema?
Comente:
8)
O link ‘somos todos Maju’ direciona o leitor para um outro gênero
textual acerca do mesmo tema. Que gênero é esse? Quais as semelhanças e
diferenças entre esse gênero e o texto lido, exemplo de artigo de
opinião?
Texto 2*
Eu não sou Maju
Mônica Raorifn El Bayeh
Eu não sou Maju. É isso mesmo que você está lendo. Gosto muito da apresentadora do tempo do Jornal Nacional, na rede Globo. Maju é charmosa, carismática, desenvolveu um estilo próprio. E, ao contrário de alguns apresentadores que, vira e mexe, aparecem com umas roupas esquisitas, Maju é linda, inteligente e impecável sempre.
Eu não sou Maju
Mônica Raorifn El Bayeh
Eu não sou Maju. É isso mesmo que você está lendo. Gosto muito da apresentadora do tempo do Jornal Nacional, na rede Globo. Maju é charmosa, carismática, desenvolveu um estilo próprio. E, ao contrário de alguns apresentadores que, vira e mexe, aparecem com umas roupas esquisitas, Maju é linda, inteligente e impecável sempre.
Maju
é caprichada. Deu um toque de diferença. Conquistou seu lugar.
Incomodou? Incomodou como todos os que têm brilho próprio. Como só os
que sabem abrir seus caminhos podem fazer.
O
que incomodou não foi Maju ser negra. Foi ser boa, brilhante no que
faz. Maju poderia ser branca, amarela, verde. Incomodaria de qualquer
forma. Porque ela é ótima. Pessoas foscas são velas sem pavio. Na falta
de chama própria, sopram para apagar a dos outros. O brilho de quem faz
sucesso queima os fracassados como cruz para vampiros.
Maju
merece o carinho e as defesas que recebeu. É fácil dizer que é Maju e
defender a apresentadora. Difícil é defender os negros pobres. Os que,
sem casa, vivem pelas ruas.
Os que, sem estudo, perambulam a esmo. Os que, sem saúde, morrem anônimos nas macas públicas.
Não
sou Maju. Não enquanto bandido branco riquinho for tratado de “jovem” e
“criança” e criança negra pobre for chamada de bandido e marginal.
Não
sou Maju. Porque negamos aos nossos pobres meninos o direito à saúde,
moradia e educação de qualidade. Negamos vez, negamos voz. Depois
gritamos pela diminuição da maioridade penal deles. Importante deixar
claro: só a deles.
Ninguém
grita a favor da maioridade penal pensando em filhos mimados de classe
alta que queimam índios na rua. Queremos que prendam os pobres, para que
a gente possa usar o cordão de ouro em paz. Andar sem medo a qualquer
hora por aí.
Pedimos
a diminuição da maioridade penal como quem coloca grades na casa. Só
mais uma proteção. Não vemos que nossos meninos são o retrato cru e nu
da injusta realidade social que beneficia quem tudo tem e abandona os
desvalidos.
Eles
são o sintoma da sociedade cruel onde vivemos. Vivemos, votamos e nos
vendamos. Somos surdos e cegos para as misérias dos que não são
atendidos.
Estamos num país onde nossos impostos vão para bolsos ricos. E os pobres são abandonados à própria sorte. Pagamos e caro. Somos extorquidos em nossos salários. Já sabendo da falta de retorno, ainda pagamos escolas e planos de saúde. E quem não pode?
Estamos num país onde nossos impostos vão para bolsos ricos. E os pobres são abandonados à própria sorte. Pagamos e caro. Somos extorquidos em nossos salários. Já sabendo da falta de retorno, ainda pagamos escolas e planos de saúde. E quem não pode?
E quem não tem de onde tirar?
Não
sou Maju enquanto os professores fizerem greve, e apanharem nas ruas ,
sem que ninguém se levante em seu apoio. Os professores do município do
Rio estão sendo descontados até hoje, um ano depois, pela greve que
fizeram. Quem é #eusouprofessordescontado? Oi? Alguém?
Não
sou Maju enquanto nossos filhos nascerem lindos, fortes, saudáveis e
aos pobres, sem as mesmas condições, forem negados remédios básicos,
exames e um olhar de dignidade.
Maju merece respeito, claro. O preconceito contra Maju é nojento. Precisa ser investigado e punido. Nem tenho dúvida de que serão. Se perderam na pequenez de alma que emburrece as mentes. Mergulhados no azedume que limita horizontes. Só aguardar. Não demora, já vamos saber quem foi.
Maju merece respeito, claro. O preconceito contra Maju é nojento. Precisa ser investigado e punido. Nem tenho dúvida de que serão. Se perderam na pequenez de alma que emburrece as mentes. Mergulhados no azedume que limita horizontes. Só aguardar. Não demora, já vamos saber quem foi.
Mas
não podemos perder de vista que o que aconteceu com Maju é só a ponta
de um iceberg podre que fecha os olhos para o que não se quer ver. Mesmo
iceberg que maltrata, discrimina e escolhe como réu as mesmas e pobres
vítimas que faz.
Dou
aula para crianças pobres. Enxergo nelas muitas Majus em potencial:
lindas, criativas, inteligentes, falantes. Quantas sobreviverão à falta
de saúde? Às balas perdidas? À violência de todo lado? Quantas terão a
chance de um futuro minimamente digno com nossa educação cada vez mais
sucateada?
É fácil dizer que somos uma Maju que é linda, bem sucedida. E cheirosa! Sim Maju tem jeito de quem é cheirosa.
Difícil
é ser pobre, feio, mal vestido, fedorento, cheio de remela, sem
remédio, sem aula, sem merenda, sem casa, sem família. E ameaçado de ser
punido aos dezesseis pelo que não recebeu a vida inteira.
Em
linguagem meteorológica, eu diria que a previsão para o amanhã desses
meninos é de tempo fechado. Com direito a Raios e tempestades de raivas e
ressentimentos para todo lado. Não há porque se espantar. Quem planta
ventos, colhe mesmo tempestades.
Vocês
todos que são Maju, sejam também Maria, Ana, Jessica, Wesley, Samantha,
Jenifer, Jefferson, Kettlen, Uoston. Sejam todos os meninos sem rosto e
sem nome que a gente finge não ver.
Quem
sabe dessa forma, o tempo ameniza para o lado deles. As nuvens se
dissipem. E eles também consigam, um dia, chegar a ser Maju. Essa é uma
cena que eu aplaudiria de pé.
9) O que a frase “É isso mesmo que você está lendo” transmite? Qual o provável objetivo da autora ao usá-la?
9) O que a frase “É isso mesmo que você está lendo” transmite? Qual o provável objetivo da autora ao usá-la?
10) Você concorda com a autora de que o fato de Maju ser negra não foi o que incomodou? Comente:
11) Explique a sonora passagem “Negamos vez, negamos voz”, situada no sexto parágrafo:
12)
A autora revela, assim como o autor do texto 01, sua opinião sobre a
redução da maioridade penal. Copie a passagem em que isso ocorre:
13)
Por que a autora, no finalzinho do texto, cita uma série de nomes
próprios? Qual o objetivo dela ao recorrer a essa citação?
14) Que mensagem o texto lhe transmitiu?
15) O que os dois textos têm em comum? Comente:
16) Ambos os textos mencionam a função ocupada pela Maju. Copie uma passagem de cada texto que comprove isso:
17) O que a charge que acompanha o texto 02 revela? Isso é comum de acontecer?
18) Você se considera uma pessoa racista? Justifique sua resposta:
19)
O que as tirinhas a seguir denunciam? Você acha que existem muitas
Susanitas espalhadas por aí? Ou a atitude dela foi caricatural,
exagerada?
19) A tirinha abaixo traz implícita uma crítica a qual comportamento social, bastante em voga na atualidade?
O que ela tem em comum com o conto “Negrinha”?
19) A tirinha abaixo traz implícita uma crítica a qual comportamento social, bastante em voga na atualidade?
O que ela tem em comum com o conto “Negrinha”?
20) A crítica implícita na tirinha abaixo, é a mesma das tirinhas anteriores? Você acha que isso acontece na nossa sociedades? Posicione-se a respeito.
Atividades de produção textual
Refletir sobre os texto lidos e produzir:
Um texto narrativo, inspirado no conto “Negrinha”, trazendo para a atualidade as ações vivenciadas por uma “Negrinha” ou um “negrinho”, vítima de preconceito (ou não), contando como os negros vivem e lidam com o preconceito no século XXI.
Ou
Um artigo de opinião, refletindo sobre o tema abordado em todos os textos
Atividade em grupo
Produzir:
Um painel que divulgue a importância da valorização da diversidade étnico-cultural, do respeito às diferenças.
Ou
Uma charge abordando a temática trabalhada.
Ou
Uma tirinha abordado a temática trabalhada.
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